AUGUSTO AMADOR DIZ DEIXAR O BAIRRO LESTE MAIS PRÓSPERO E REVELA TER NO PRELO LIVRO SOBRE EMIGRAÇÃO PORTUGUESA NO IRONBOUND

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO, concedida no seu gabinete de trabalho no ‘City Hall’ de Newark, o vereador Augusto Amador reitera que abandona o cargo em Junho do próximo ano e que o faz “especialmente” por razões de saúde “e a conselho de 4 médicos.” Com reumatismo agudo, combate também uma doença sanguínea causada pelos efeitos nocivos da medicação.

“Ao mesmo tempo”, acrescenta, “reconheço que são 24 anos; um dos grandes erros que vejo os políticos cometer é saberem entrar na vida pública mas depois não saberem sair na hora devida, contagiados por este bichinho.”

Duas décadas depois de ter feito história, ao tornar-se no primeiro português eleito para o Conselho Municipal de Newark, Amador está em paz com a obra que deixa de pé no Bairro Leste, “que, em pouco mais de duas décadas, passou de bairro mais pobre da cidade ao mais próspero.”

📸PHOTO CREDIT: Henrique Mano/Jornal Luso-Americano
No seu gabinete de trabalho no edifício do ‘City Hall’ em Newark, NJ

A imagem positiva de que goza hoje o Ironbound “e até Newark, no geral, deve-se aos portugueses que vieram para cá nas décadas de 1960 e 70. Foi essa emigração de Portugal que transformou não só a imagem do bairro, como melhorou a sua qualidade de vida. Foi o empenho, trabalho e sacrifício dos portugueses que aqui investiram bastante e que hoje controlam grande parte da economia do bairro – pelo que tanto o passado recente como o presente e o futuro continuam a passar por eles.”

A sua eleição permitiu ainda, opina, construir um novo perfil do emigrante português no Ironbound, até então politicamente pouco activo. “E fi-lo com ética, honestidade e liderança”, nota.

O vereador reconhece que o poder de voto luso no Bairro Leste já não é o que era, quando, há 24 anos, a sua eleição se deveu em grande parte ao apoio dos portugueses. Vítima do seu próprio sucesso, a comunidade tem conhecido um êxodo de pessoas que, face à prosperidade económica, se vão mudando para a periferia. “Hoje é necessário criar mais pontes de ligação com outros grupos étnicos para sermos eleitos”, observa.

Garante que foi sempre “o alto dever do serviço público” que o norteou enquanto vereador, daí a distância do próprio poder político que procurou manter – “desde que os interesses da comunidade fossem salvaguardados.”

A construção de duas escolas no bairro e a reconstrução do Estádio Eddie Morais estão entre as suas jóias da coroa, acabando com as enchentes de alunos nas salas de aulas. O apoio ao Liceu East Side e a colocação do Dr. Mário Santos ao seu leme, também merecem nota positiva – considera.

📸PHOTO CREDIT: Henrique Mano/Jornal Luso-Americano
O vereador Augusto Amador na escadaria frontal de acesso ao edifício do ‘City Hall’ em Newark, NJ

Diz ter tentado colmatar a falta do Hospital St. James com a clínica de serviços gerais agora no seu lugar e liga o apoio que dá ao candidato Michael Silva, um ex-agente em Newark, à importância da luta contra a criminalidade. “É alguém que conhece os problemas do nosso bairro e, sem segurança, não há crescimento nem melhoria de qualidade de vida.”

Orgulha-se ainda de ter criado o ‘Little City Hall’ da Monroe Street, “descentralizando os serviços camarários e facilitando a vida aos moradores do Bairro Leste. Uma das exigências feitas ao Michael Silva para que contasse com o meu apoio, foi a de que mantivesse esse serviço aberto.”

📸PHOTO CREDIT: Henrique Mano/Jornal Luso-Americano
No seu gabinete de trabalho no edifício do ‘City Hall’ em Newark, NJ

O vereador tem no prelo o seu 5.º livro, ‘Lágrimas e Silêncios’, inspirado na história de emigrantes como o pai, António Amador, que chegou a Newark em 1940. “Foi essa primeira leva que, de forma anónima e com muitos sacrifícios, abriu as portas aos que viriam década depois.”

A obra virá a lume em 2022.

“O meu respeito pelos emigrantes está também espelhada no Monumento instalado na Ferry Street e, se hoje os imóveis no Ironbound valem o que valem, deve-se sobretudo aos portugueses.”