Avaliação ao candidato a vice-presidente de Kamala Harris

Tim Walz passou de desconhecido na política norte-americana a potencial próximo vice-presidente dos Estados Unidos da América, uma escolha considerada segura para a nomeada democrata Kamala Harris.

“É uma escolha muito convencional”, disse à Lusa o cientista político Brian Adams, professor na Universidade Estadual da Califórnia em San Diego.

“Equilibra o ‘ticket’ com alguém do centro oeste, embora o Minnesota não esteja em contenção” e “É uma escolha muito cautelosa”.

O governador do Minnesota passou 24 anos na Guarda Nacional, foi professor do secundá- rio e treinador de futebol, antes de 12 anos na Câmara dos representantes

Durante grande parte da sua carreira política, foi visto como alguém moderado, focado em questões que preocupam o que os analistas chamam de “América do interior”.

Esse é um dos pontos mais fortes de Tim Walz, já que traz à campanha democrata alguém com quem os americanos das zonas-rurais mais associados aos republicanos-se conseguem identificar. Tem armas, é caçador e serviu no exército.

Por outro lado, apela às classes trabalhadoras, tendo passado muitos anos como professor.

Uma das suas legislações mais significativas foi a disponibilização de refeições gratuitas nas escolas, medida ajuda os estudantes mais desfavorecidos.

Para a ala progressista, os pontos mais fortes do governador passam pelo clima e acesso a cuidados de saúde. Walz é considerado um “campeão” das causas climáticas, tendo assinado uma das legislações estaduais mais ambiciosas do país: o Minnesota terá de eliminar a 100% o carbono da geração de electricidade até 2040.

Foi também o primeiro governador a codificar na lei o acesso ao aborto após a revogação de Roe v. Wade pelo Supremo, em 2022, e assinou uma lei que protege o acesso a cuidados de saúde de afirmação de género.

O que a oposição republicana está a fazer para contrariar essa ideia, além de tentar caracterizá-lo como radical, é criticar a sua resposta aos motins raciais de 2020, quando o afro-americano George Floyd foi morto pelo polícia Derek Chauvin em Minneapolis.

Duas pessoas morreram e mais de 600 foram presas durante os protestos, com Trump e aliados a acusarem Tim Walz de ter sido demasiado lento a controlar a situação.

Apesar dos pedidos por parte do ‘mayor’ Jacob Frey e do chefe da polícia de Minneapolis, Walz só acionou a Guarda Nacional três dias após o início dos motins, levando oficiais locais a dizerem, sob anonimato, que tinham sido abandonados.