Boris Johnson resistiu à moção de censura

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, sobreviveu à moção de censura interna no Partido Conservador, mas a vitória por 59% foi “técnica” e a sua liderança ficou debilitada, segundo analistas presentes.

O professor do Departamento de Política e Relações Internacionais da Universidade de Sheffield, Matthew Flinders, lembrou que “Boris Johnson é famoso por sobreviver a feridas políticas”.

“O problema para Boris Johnson é que a relação com o Partido Conservador em geral nunca foi boa. Foi baseada num cálculo simples matemático sobre quem era mais capaz de conquistar os eleitores e não numa lealdade pessoal profunda”, explica.

A politóloga Felicity Matthews, também da Universidade de Sheffield, considera que a moção deixou a unidade do partido abalada e tornou claro que muitos deputados têm sérias dúvidas de que Johnson conseguirá ganhar as próximas eleições legislativas.

À vista, disse, ficou o “desespero sentido por muitos deputados conservadores, que estão cansados de defender o primeiro-ministro” do escândalo do “partygate”, causado pelas festas ilegais na residência oficial em Downing Street durante a pandemia covid-19.

Mas “ganhar a votação desta noite é muito diferente de manter o poder e a legitimidade a longo prazo”, acrescentou a académica, para quem “é difícil ver como Johnson vai recuperar”.

“Mesmo que ele provavelmente tente manter-se, a autoridade está destinada a desaparecer”, antecipando o início do fim da liderança de Johnson.