Brasil: Escola Imperatriz Leopoldinense é campeã do Carnaval Carioca 2023

Em Ramos, Zona Norte do Rio de Janeiro (RJ), o clima era de ressaca e felicidade nesta quinta-feira (23), um dia após a Imperatriz Leopoldinense conquistar seu nono campeonato no Carnaval carioca. A festa na quadra, regada a cerveja distribuída pela presidente da escola Cátia Drumond, terminou às 6:00 am. Ainda durante a manhã, os componentes já estavam novamente na sede para dar entrevistas. Nas ruas do bairro, moradores celebravam o título após 22 anos de jejum.

A estreante rainha de bateria Maria Mariá, de 20 anos, é cria do Complexo do Alemão e foi atraída à quadra ainda criança, aos 9 anos, pelos ensaios que aconteciam na sua rua. A jovem passista, que já tocou repique na bateria Imperatriz, desfilou com a fantasia “Diaba Quem Me Dera”, personagem que Lampião encontrou quando chegou ao submundo, no enredo de Leandro Vieira.

A relação com a escola é estreita. Foi onde a rainha se formou. E o enredo nordestino trouxe ainda mais identificação para a jovem, que tem família cearense. “Não dormi. A gente estava aqui na quadra desde ontem. É a realização de um sonho. Comecei aqui na Imperatriz. Era da ala mirim. Fui para a bateria e fiz audição para a ala de passistas. Por isso é tão importante. Tem esse amor em dobro, porque é a minha escola e a escola que me formou”, comemorou.

A Imperatriz Leopoldinense apresentou na Avenida histórias míticas do Rei do Cangaço. No enredo, Lampião busca lugar no inferno e no céu, sem obter guarida em nenhum dos dois. Até mesmo a filha dos protagonistas dessa história, desfilou no Carnaval leopoldinense. Expedita Ferreira Nunes, filha de Maria Bonita, veio de Sergipe, onde mora, para desfilar. Aos 90 anos, ela foi destaque do último carro da escola.

“É uma grande emoção e uma grande alegria a homenagem que fizeram para meus pais. Para mim, foi gratificante. O povo sabe que eu existo e sabe que meu pai tem valor”, afirmou dona Expedita na quadra do grêmio recreativo.

Estreante na Imperatriz, o intérprete Pitty de Menezes comemorou a noite toda: “A emoção é muito grande de poder ser campeão na estreia. Tenho um ídolo, que é o Dominguinhos do Estácio. Quando ele veio para Imperatriz ele foi campeão também. Então, estou tentando seguir os caminhos do cara que eu considero meu padrinho e me inspirou muito”.

No dia seguinte à vitória, o samba nordestino não parava de ser entoado pelos componentes. Também estreante na Imperatriz, Thatiane Carvalho foi formada na escola mirim do Estácio e foi a única mulher a sair no carro de som da escola de Ramos. “Espero que tenham mais mulheres vindo. Têm tantas no Carnaval”, concluiu.