Brasil: Luciano Huck relembra acidente aéreo e dispara: ‘Antes da morte tem um silêncio’
Além de comentar uma possível candidatura à presidência da república, Luciano Huck, de 51 anos, relembrou o grave acidente aéreo que a família sofreu em 2015, em Mato Grosso do Sul, entrevista ao podcast “PodPah”, na noite desta quarta-feira. O apresentador detalhou os momentos de pânico que eles vivenciaram antes do avião de pequeno porte fazer um pouso forçado.
“Estava eu, Angélica, os três (filhos), a Léia, a Didi (funcionárias) e os dois pilotos. É muito violento. É uma energia muito grande, com muita velocidade, chegando no chão. É forte, barulhento, muito intenso. Antes da morte tem um silêncio”, disse ele, antes de dar detalhes do acidente.
“Era um voo curto de 40 minutos. A gente estava voando e o avião dá uma desacelerada e tomba uma asa de lado. A Angélica já olhou pra minha cara, e eu olhei (para o painel) e vi que já tinha perdido um motor. Um estava acelerando normal e um tinha morrido. Se você não parar o motor, ele continua rodando por causa do vento”, continuou o apresentador, que questionou o piloto sobre o que estava acontecendo.
“Ele falou não sei, estava tentando dar partida de novo. Estávamos a 13 minutos para chegar em Campo Grande. A gente estava a, sei lá, 8 mil pés de altura. O que não é muito alto, mas também não é muito baixo. Perguntei se tinha alguma pista perto. Eles começaram a olhar, o copiloto disse que tinha uma pista de uma fazenda a esquerda. O Pantanal tem uma parte plana e tem uma serra no canto. Ele (o piloto) curva pra ir pra serra, só que ele curva em cima do motor ruim. Quando ele curva em cima do motor ruim, o avião começa perder altura. E aí já estava todo mundo nervoso, a Angélica muito nervosa, todo mundo muito assustado”, relatou.
“O avião começa a virar pra um lado, na hora que virou pra um lado, ele perde muita altitude, aí a gente vê que não ia passar a serra, não ia ter altura pra serra. Aí eu paro de falar com ele e vejo que ele decide de novo voltar pra proa de Campo Grande, aí o avião começa a perder altura, eu vejo que a gente já está a 5 mil [pés], 4 mil… Aí já estava todo mundo gritando, a Angélica gritando, as crianças muito nervosas”, recordou Huck.
“E aí a hora que eu vejo que a gente vai cair, não vai chegar a lugar nenhum (…), e ele [o piloto] fala ‘Eu vou pousar aqui’ e não tinha onde pousar ‘aqui’, porque eram fazendas e fazendas. A Angélica começou a falar: ‘pousa, pousa, pousa’. Aí uma hora eu falei pra ela: ‘A gente não vai pousar, a gente vai cair'”, avisou o apresentador, que preparou a família e as funcionárias para a queda ao instruí-los a colocar o cinto e abaixarem a cabeça. “A hora que vai bater no chão, ele (o piloto) desliga o motor(…), e aí a hora que ele bate no chão é aquilo que você não explica. É muito barulho, muita energia. E como era um pasto, tinha aquela curva de nível que é para a água correr, então quando ele começa a bater no chão, toda vez que tinha a curva de nível, ele decola de novo, então ele sobe e cai de novo. Ele ia batendo de lado, aí ele subia e batia de lado de novo; e como era um pasto, tinha uma cerca de arame farpado, e na hora que ele [o avião] pega a cerca, segura ele um pouco”, detalhou.
“Quando para, entra muita fumaça e muita terra, porque a gente estava no pasto, então entra muita coisa avermelhada, fica tudo meio avermelhado. E os pilotos machucaram o rosto, então na hora que eles viram pra trás pra ver se a gente estava bem, as crianças se assustaram muito, porque os dois estavam com o rosto sangrando. Eu não estava sentindo nada, mas em uma das pancadas eu senti uma dor muito forte nas costas. E aí o piloto sai, abre a porta atrás e a gente desce. Na hora que a gente desce, é muito zoado. Primeiro ver se estava todo mundo vivo, aí eu olhei pra todo mundo. A Eva estava com dor na barriga, eu com dor nas costas, todo mundo muito assustado. A gente estava no meio do nada”, afirmou. Por fim, Luciano contou que eles foram socorridos por uma pessoa que estava passando em uma estrada próxima. “Um carro viu o que aconteceu, parou. O cara entrou no pasto, veio até a gente, viu que era a gente e o que estava acontecendo, nos ajudou. Os pilotos ficaram, eles estavam bem. A gente entra nesse carro e ele leva a gente para Campo Grande. O desfecho é uma enorme gratidão por estar todo mundo vivo”, concluiu.