Brasil: Militares ligados a Jair Bolsonaro planearam forçar a adesão das Forças Armadas à tentativa de golpe de Estado, segundo a Polícia Federal

A passada quinta-feira ficou marcada pela grande operação da Polícia Federal, nomeada de Tempus Veritatis (Hora da Verdade), que teve como alvos Jair Bolsonaro, generais que foram ministros no seu Governo, militares e ex-assessores, no âmbito da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022.

A força policial comunicou também que Bolsonaro recebeu e ajustou a minuta de um decreto para se executar um golpe de Estado que previa deter juízes, líder do Senado e novas eleições.

Na operação, além das buscas, estão a ser cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão.

A polícia brasileira afirmou ter descoberto elementos que comprovam a tentativa de arregimentarão de militares “com cursos de Forças Especiais do Exército” que, “coadunados com os intentos golpistas, dariam suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do Governo eleito e restringir o exercício do Poder Judiciário”.

O plano terá contado com a participação de generais de alta patente, incluindo o ex-ministro da Defesa e vice na candidatura presidencial de Bolsonaro, Walter Braga Neto, e do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o general Augusto Heleno.

Nas investigações, a corporação teve acesso ao conteúdo de uma reunião que contou com a participação de Augusto Heleno e Jair Bolsonaro, em Julho de 2022, meses antes das presidenciais, na qual Heleno defendeu que o Governo “virasse a mesa” antes das eleições para garantir a reeleição de Bolsonaro.

Parte das informações sobre a adesão de militares das Forças Especiais foram obtidas em conversas do Whatsapp entre Mauro Cid (ex-assessor de Bolsonaro) e Bernardo Romão Corrêa Neto, suspeito de ter empregado técnicas de militares com formação para direcionarem as manifestações nas portas dos quartéis e a invasão de 8 de Janeiro de 2022, às sedes dos três poderes na capital brasileira.

A investigação aponta que a estratégia utilizada assentou em dois pilares: propagação da versão de fraude nas eleições de 2022 e disseminação de notícias falsas sobre o sistema de voto; actos para apoiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe, com apoio de militares com conhecimento e tácticas de forças especiais em ambiente politicamente sensível.

Neste contexto Bolsonaro foi obrigado a entregar o seu passaporte.