Câmara de Lisboa inaugura espaço para acolher aqueles que vivem na rua há menos de um mês

A Câmara de Lisboa, em parceria com a associação Crescer, inaugurou esta quarta-feira um espaço, na freguesia do Beato, para acolher quem está a viver na rua há menos de um mês, prevenindo que permaneçam em situação de sem-abrigo.

“Estamos aqui a falar de famílias que estão quase a cair nessa situação de sem-abrigo e, portanto, podem vir para aqui. Tem aqui a sua casa”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, referindo que, se a pessoa for apoiada logo no início, “a situação é mais fácil de resolver dentro da dificuldade que tem, que é muito difícil”.

Designado de “Unidade Municipal de Prevenção e Autonomia”, o projecto foi instalado em dois apartamentos camarários no Bairro da Quinta dos Ourives, no Beato, que foram reabilitados para este fim, disponibilizando quartos individuais e duplos, com um total de 28 camas, bem como casas de banho, cozinha e sala comum.

Com um investimento municipal de cerca de 334 mil euros, o espaço será gerido pela Crescer – Associação de Intervenção Comunitária, com uma equipa disponível 24 horas por dia, que engloba médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, em que “25% dos colaboradores” já estiveram em situação de sem-abrigo.

“É importante que as pessoas tenham chegado à situação de sem-abrigo, sem teto, nos últimos dias, no máximo um mês, que as pessoas não estejam há mais de um mês na situação de sem-abrigo e que não tenham um histórico de situação de sem-abrigo”, indicou o director executivo da associação Crescer, Américo Nave.

O director explicou que a seleção das pessoas a apoiar será através da sinalização por parte dos parceiros que trabalham na área social e na área da saúde, estando já identificadas “perto de uma dezena”.

Depois de acolhidas, neste espaço já pronto a ser habitado, as pessoas vão ser acompanhadas pela equipa da Crescer para que possam ficar autónomas no prazo de seis meses, explicou Américo Nave, referindo que, “quanto mais vulnerável a pessoa estiver, mais prioritário será o acesso ao projecto”.

“A ideia é que o projecto funcione um pouco como tampão para que as pessoas não entrem no circuito de respostas para as pessoas em situação de sem-abrigo”, sublinhou o responsável da Crescer, destacando a importância da prevenção porque, quando as pessoas estão há anos nesta situação, “torna-se muito mais complexo” ajudar.