Canada cancela deportação de família portuguesa

As autoridades canadianas cancelaram a deportação da família portuguesa, que estava marcada para Fevereiro, disse o advogado da família à agência Lusa.

“Não sei o que aconteceu, mas fomos notificados pela Agência Canadiana de Fronteiras (CBSA) de que tinham cancelado a ordem de deportação”, disse Jacqueline Swaisland.

Filipe Gonçalves, 40 anos, Eva Ferreira, 39 anos, e o filho Luís Gonçalves, de 15 anos – que estão no Canadá desde 2012 e são originários de Fafe (distrito de Braga) – tinham ordem de deportação para Fevereiro, após o termo do visto de trabalho, apesar de várias tentativas em diferentes processos para revalidar o seu estatuto.

De momento, a advogada diz que “não tem mais informações” sobre o cancelamento da deportação e o facto de a CBSA não ter “enviado uma nova data para a deportação” é um “bom sinal”.

“Não nos enviaram nenhuma data futura para a deportação, não parece que sejam deportados noutra data, apenas nos disseram que foi cancelado”, acrescentou.

Desde que chegou ao Canadá, em Agosto de 2012, a família diz ter gasto cerca de 56.000 dólares canadianos em três diferentes consultores de imigração e advogados de diferentes empresas.

A família portuguesa chegou ao Canadá, solicitou dois vistos de trabalho em 2012, através de uma empresa de trans- porte de mercadorias pesada.

Os vistos de trabalho, de Filipe, por um ano, e de Eva, válidos por dois anos, foram aprovados em meados de Novembro desse ano, quando ambos começaram a trabalhar no Canadá com toda a documentação legal.

O problema surgiu com a renovação dos vistos de trabalho, o que não aconteceu, com a família a culpar vários consultores de imigração que não “fizeram o seu trabalho”.

A família só tomou conhecimento de que estavam indocumentados em 2014, apesar das tentativas falhadas de legalização.

Em Março de 2020, Otava suspendeu a maioria das deportações devido à pandemia. No início de Agosto, o Canadá decidiu deportar os casos mais graves de inadmissibilidade. E todos os casos de inadmissibilidade no final de Novembro.

Foi então que a família portuguesa contactou o advogado de Toronto, que apresentou em Dezembro um pedido de estatuto humanitário compassivo pelo enorme esforço que “fizeram para regularizar o seu estatuto no Canadá”.

Entretanto, Jacqueline Swaisland apresentou um pedido de adiamento da deportação, defendendo que a família “não deve ser deportada neste momento”, e que o CBSA deve aguardar até ter uma resposta ao pedido de estatuto de compaixão humanitária e porque “não é seguro viajar para Portugal porque tem uma das taxas mais elevadas de casos com infecções devido à pandemia”.

O pedido foi rejeitado pelas autoridades canadianas, sendo a última alternativa um recurso para o Tribunal Federal, que seria apresentado em 10 de Fevereiro, um dia antes da deportação.

De acordo com dados do governo canadiano, mais de 480.000 luso-descendentes e portugueses vivem no país.

Esta família, segundo o advogado vai ficar no Canadá.