CANCRO: Mulheres sobrevivem mais do que homens
As mulheres com cancros diagnosticados em 2018 sobreviveram mais do que os homens, indica um relatório divulgado ontem pelo Registo Oncológico Nacional (RON).
“Para a maior parte dos tumores malignos, as mulheres apresentaram sobrevivências superiores em relação aos homens”, lê-se nas conclusões do relatório “Sobrevivência Global – Doentes diagnosticados em 2018”, a primeira publicação do género feita em Portugal.
Salvaguardando que a partir das conclusões retiradas agora não é possível obter justificações precisas, pois os dados carecem de uma “análise mais fina”, a coordenadora do RON, Maria José Bento, apontou que além de “eventualmente” poderem existir factores biológicos associados “é um facto que as mulheres procuram ajuda mais rapidamente, logo são mais rapidamente referenciadas”.
“E todos sabemos que a detecção precoce influencia positivamente a sobrevivência”, disse a epidemiologista, em declarações à agência Lusa.
Especificando por tipos de cancro, a especialista, que trabalha no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, exemplificou com o tumor da mama, que é o tumor mais frequente nas mulheres e que, detectado precocemente, “tem muito bom prognóstico”.
“A sobrevivência aos cinco anos [após detectado] é superior a 90% (…). No cancro do pulmão, que é um cancro de mau prognóstico e de baixa sobrevivência, e tem maior incidência nos homens do que nas mulheres, 21% dos homens vivem cinco ou mais anos. Enquanto nas mulheres, ao fim de cinco anos, 36% das mulheres está viva. Este é um dos exemplos típicos em que as mulheres têm melhor sobrevivência que os homens”, acrescentou.
Em análise neste relatório estão dados sobre a sobrevivência global dos doentes oncológicos, diagnosticados em 2018, com 15 ou mais anos, residentes em Portugal à data do diagnóstico.
O relatório analisa apenas os cancros primários. Foram excluídos os cancros da pele não-melanoma, bem como metástases ou recidivas.
A sobrevivência ao cancro é sempre contabilizada a cinco anos porque a maior parte dos eventos ocorre nos primeiros cinco anos.
A análise abrangeu 51.704 doentes e 52.953 tumores malignos invasivos, sendo a sobrevivência global a um e cinco anos de 81% e 65%, respectivamente.
Cerca de 77% dos homens sobreviveu à doença pelo menos um ano, um número que baixa para 60% na sobrevivência aos cinco anos.
A sobrevivência das mulheres foi superior, com 85% a sobreviver por um ano. Mais de 71% sobreviveram pelo menos cinco anos.