Cartões de identificação de judeus em exibição pela primeira vez
O arquivo de 160 mil cartões de registos de judeus holandeses e de outras minorias que foram perseguidos e enviados para os campos de concentração nazi ajudaram a Cruz Vermelha a localizar os desaparecidos, após a Segunda Guerra Mundial, e agora serão exibidos no Museu do Holocausto em Amesterdão, em 2022.
A Cruz Vermelha cedeu a propriedade do arquivo de cartões ao Bairro Cultural Judaico de Amesterdão, organização que gere várias instituições, nomeadamente o museu onde serão expostos os milhares de cartões de identificação de judeus holandeses e de outras minorias, que foram perseguidos pelo regime nazi e enviados para campos de concentração.
“Em termos de preservação, ficariam em excelentes mãos no Arquivo Nacional, mas seria invisível. O Museu Nacional do Holocausto tem o espaço para o exibir e também fornece o contexto apropriado”, explica Marieke van Schaik, directora da Cruz Vermelha dos Países Baixos.
Os cartões incluem o nome, data de nascimento, morada, profissão, estado civil e elementos da família de cada indivíduo e, alguns deles, a data em que foram deportados para os campos de concentração nazi, escrita a lápis vermelho, como é o caso do cartão de Anne Frank, que tem registado “3-9- 44”, o dia em que foi transferida para o campo de concentração de Auschwitz.
Após a Segunda Guerra Mundial, estes cartões foram utilizados pela Cruz Vermelha para ajudar a localizar as pessoas desaparecidas.
Nos Países Baixos, a partir de 1941, os judeus foram forçados a registarem-se pelos alemães. São o país com a maior taxa de mortalidade da Europa no Holocausto, uma vez que dos 140 mil que viviam no país, foram deportados 107 mil e apenas sobreviveram cinco mil e duzentos.
Acredita-se que esta seja a colecção mais completa do Holocausto, o maior genocídio da história que aconteceu há 76 anos. Apesar de os cartões de identificação já terem sido digitalizados em 2012, é a primeira vez que estarão disponíveis fisicamente para consulta. É “de grande valor não só como arquivo, mas também como monumento do museu e recordação tangível do Holocausto”, realça a Cruz Vermelha.
A colecção será exibida ao público no final de 2022, assim que o museu reabrir as portas, depois de concluir as obras de renovação. “É da maior importância que possamos mostrar a memória física de todos os judeus que foram assassinados”, afirma Emile Schrijver, diretor do Bairro Cultural Judaico, citado pelo “The Guardian”.