Cem pescadores de Vila Praia Âncora não vão ao mar desde 12 de Dezembro
Cem pescadores de Vila Praia de Âncora estão em terra desde 12 de Dezembro por falta de condições de segurança para saírem para a faina, face ao estado do mar e ao assoreamento que persiste naquela barra. “Tem sido uma situação alternada, entre dias em que outras barras até estavam abertas e na nossa não podíamos sair face ao assoreamento, ou pelo fecho do portinho devido ao estado do mar”, disse à agência Lusa o presidente da Associação de Pescadores de Vila Praia de Âncora, no concelho de Caminha. De acordo com Vasco Presa, o assoreamento daquele portinho, que hoje conta com pouco mais de vinte embarcações de pesca tradicional e uma centena de pescadores, é um problema “recorrente”. Após vários anos de reivindicações, o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos gastou, no primeiro semestre de 2013, mais de 400 mil euros para dragar aquela barra. Contudo, no passado mês de Junho, cerca de quinze dias depois de concluída a operação, a barra já se encontrava novamente assoreada, problema que os pescadores afirmam dever-se também à configuração do portinho, construído há cerca de uma década. “O resultado é que temos uma centena de homens em terra desde 12 de Dezembro, por falta de condições de segurança. Desde 2010 perdemos mais de uma dúzia de embarcações, que foram abatidas, e agora só podemos contar umas 80 marés anuais, quando antes eram 160”, recorda Vasco Presa. Na última dragagem foram retirados do local cerca de 56 mil metros cúbicos de areia, quantidade que segundo os pescadores de Vila Praia de Âncora corresponde apenas a um terço da que afectava o portinho. “Sem ir ao mar tantos dias seguidos torna-se impossível gerir a situação para estas famílias, que passam muitas dificuldades. Assim não dá para ter rentabilidade com esta actividade”, sublinhou o porta-voz dos pescadores locais. Estima-se que a actividade envolva perto de 200 pessoas em Vila Praia de Âncora, da pesca propriamente dita à venda e ou à restauração. Os pescadores esperam que o regresso ao mar possa acontecer já a partir de sexta-feira, com a previsível reabertura à navegação, a decidir pela Autoridade Marítima, daquele portinho. “Por estes problemas todos somos a barra do país que mais tempo passa fechada. Não é possível trabalhar assim”, insurge-se Vasco Presa.