Cerca de 8 mil migrantes partem a pé da fronteira do México, cansados de esperar por vistos que os permitam entrar nos EUA
Cerca de 5.000 migrantes da América Central, Venezuela, Cuba e Haiti partiram na segunda-feira a pé da fronteira sul do México, caminhando para norte, em direção aos Estados Unidos, protestando contra a demora na atribuição de vistos.
Os migrantes queixam-se de que o processamento de vistos de refugiados demora demasiado tempo no principal centro de controlo de migração do México, na cidade de Tapachula, perto da fronteira com a Guatemala.
Devido ao sobrecarregado sistema de migração do México, as pessoas que procuram esses vistos muitas vezes esperam semanas ou meses, sem poder trabalhar.
Segunda-feira passada, os migrantes formaram mais uma longa fila, que em marcha irá percorrer as estradas do México até ao seu destino final. Como forma de evitar o bloqueio das rodovias, estes estão a ser escoltados pela polícia.
Em menos de 24 horas, mais de mil migrantes se juntaram à esta marcha, passando o número total para perto dos 8 mil.
O director da organização ‘Pueblos Sin Fronteras’, Irineo Mujica Arzate afirmou que o número de pessoas está a aumentar, apelando à Comissão Nacional dos Direitos Humanos, ao Ministério do Interior e ao Instituto Nacional de Migração para que abordem a situação destas pessoas.
Muitos destes migrantes já viajam há muitos meses, como é o caso de Daniel González, migrante da Venezuela, que em viagem está há mais de três meses e admite não pretender parar pois voltar para o seu país de origem não é uma opção. Queixa-se da falta de ajuda das autoridades de Tapachula. Irineo Mújica, um dos organizadores da marcha, confessa que os migrantes são frequentemente forçados a viver nas ruas em condições precárias.
O migrante colombiano Luís Fernando pediu ao Governo mexicano que os ajudasse com os documentos temporários, como um gesto humanitário.
A fronteira sudoeste dos EUA tem sido palco da chegada de um número crescente de migrantes da América do Sul, que se movem rapidamente através do Darién Gap, entre a Colômbia e o Panamá, antes de seguirem para o norte.
Até Setembro deste ano, 420 mil migrantes, ajudados por contrabandistas colombianos, atra- vessaram esta passagem.