CHEGOU A SUBCHEFE DA POLÍCIA EM NEWARK E HOJE É DIRECTOR DE SEGURANÇA PÚBLICA DA CIDADE DE LONG BRANCH, NJ

Por HENRIQUE MANO | News Editor

A bem sucedida carreira de Domingos Augusto Saldida passa por vários departamentos de polícia no estado de New Jersey, mas é em Newark, onde nasceu e cresceu, que tem o seu epicentro.

Filho de emigrantes da Murtosa, distrito de Aveiro (já falecidos), que se fixaram no Ironbound no final da década de 50 do século passado, Saldida passou a infância e adolescência na Walnut Street, num lar “onde tudo era português, a começar na língua que se falava. A nossa vida era basicamente a de uma família portuguesa, da comida à mesa, confeccionada pela minha mãe, a tudo o resto. Eu próprio aprendi a falar, ler e até escrever português sem nunca ter ido a uma escola portuguesa”, conta o director de Segurança Pública de Long Branch, NJ, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO. Que acrescenta: “E hoje ainda é assim.”

Domingos Saldida quase que foi engenheiro electrotécnico; aliás, o luso-americano obteve mesmo o canudo universitário na prestigiada NJIT, “mas, como polícia era realmente o que queria ser, entretanto fiz o exame de admissão ao serviço público e, quando acabei o curso, fui recrutado e acabei por nunca exercer a profissão.”

Depois do treino na academia de polícia, começa na divisão de patrulha da Newark P.D., na zona ocidental da cidade; um ano depois, passa a vestir a farda da Polícia de Summit, em 1991, “aventura” que duraria pouco (6 meses). “Gostei muito, mas não era para mim”, diz. “Estava destinado a ser polícia em Newark.”

De regresso à cidade onde nasceu, é colocado precisamente na esquadra do Ironbound, onde em 1995 chega a sargento. Era o início de uma caminhada que passaria pelos mais diversos departamentos internos da Polícia de Newark, onde chefiou a divisão de detectives, de crimes de menores, homicídios, grandes crimes e patrulha. Chega mesmo a chefe de gabinete do Director da Polícia de Newark, em Março de 2015, reformando-se com a alta posição de subchefe (e são poucos os luso-americanos que o alcançaram).

Com apenas 48 anos, Domingos Saldida resolve que, cruzar os braços, não era opção. Submete o seu currículo a várias posições de chefe de Polícia e acaba contratado pelo condado de Morris, fixando-se em Dover, onde esteve um ano. Transita depois para a chefia da Polícia de East Orange, onde durante dois anos, dá ordem de comando a 250 agentes. Quando a posição de Director de Segurança Pública em Long Branch abre a concurso, concorre e garante a posição, que assume há cerca de ano e meio.

A seu cargo, tem os mais de 90 agentes que garantem a lei e a ordem na cidade de Long Branch, no condado de Monmouth, e dos seus 35 mil habitantes. Sob as suas orientações, está ainda o departamento de bombeiros, com 25 elementos fixos e 70 voluntários – para além da supervisão do gabinete de Gestão de Emergências. De toda esta estrutura, fazem ainda parte uma unidade de patrulha e assistência à zona costeira e de praia de Long Branch, com nadadores salva-vidas e técnicos socorristas.

De acordo com o Director, para além de si, a Polícia de Long Branch inclui outros 4 elementos portugueses e dois brasileiros.

Domingos Saldida reconhece que “ter aprendido a falar português, foi das melhores coisas que me podiam ter acontecido, a nível de carreira, sobretudo porque passei como agente policial por zonas com forte influência portuguesa. É que, quando nos comunicamos na língua materna com alguém, estabelece-se uma relação de confiança mútua que é muito importante para o trabalho da polícia.”

Em Long Branch, os desafios para a Polícia são maiores durante a época de verão, “onde recebemos mais de 5 mil pessoas que nos visitam por terem segunda habitação aqui ou para frequentarem a praia. É um período que vai de Maio a Setembro, por sermos uma cidade-balneário que tem crescido bastante.”

O director Saldida reconhece a importância do sector do turismo para a cidade, mas pede igualmente aos visitantes que cumpram as regras por que se rege Long Branch e respeito pelos moradores que ali vivem o ano inteiro.

A potenciais novos polícias, o experiente director luso-americano lembra que a profissão tem evoluído de há 30 anos a esta parte, adaptando-se às novas realidades do país e do mundo. “Mas a carreira na lei e na ordem oferece um emprego estável e a oportunidade de, se nos formos empenhando, ir subindo na escala hierárquica. Ou seja, dependendo de nós, não tem limites.”

De Newark, confessa ter ainda “saudades, mas hoje adoro Long Branch!”.