COM MULHER NA PRESIDÊNCIA, CLUBE PORTUGUÊS DE FILADÉLFIA COMBATE ÊXODO DE SÓCIOS (E A PANDEMIA…) COM PORTAS ABERTAS

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Desde 1935 que o Philadelphia Portuguese Club é a casa da comunidade lusa no maior centro urbano do estado da Pensilvânia. Como muitas outras associações, vai passando por altos e baixos. A sua missão, contudo, mantém-se a mesma: preservar e divulgar a cultura, língua e tradições de Portugal.

“Gostava que a juventude se envolvesse mais nas actividades do Clube”, afirma a presidente Cristina Lebre, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Íamos reabrir a escola este ano mas, devido à situação de COVID, ficou tudo adiado. Em 2021, se as coisas normalizarem, iremos fazê-lo”.

A voluntária associativa sabe que está a remar contra a maré… Com menos de duas centenas de associados activos (mas com mais de 500 inscritos), Cristina Lebre resgatou o P.P.C. há dois anos de uma crise directiva que poderia ter levado ao seu encerramento. “O clube estava prestes a fechar e eu tomei a decisão de arranjar direcção e avançar para a frente”, conta.

❝GOSTAVA QUE A JUVENTUDE SE ENVOLVESSE MAIS NAS ACTIVIDADES DO CLUBE❞

➔Cristina Lebre, presidente

Philadelphia Portuguese Club

Com um grupo de outros voluntários e donativos em capital, material e mão-de-obra, não apenas se mantiveram as portas abertas, “como conseguimos renovar o salão nobre todo por dentro e ainda recauchutar a entrada”, nota. “Graças a Deus ainda estamos aqui, apesar de termos estado à beira de encerrar há dois anos”. As obras decorreram no verão de 2019: “Tomei posse a 26 de Janeiro e a 29 de Julho estavam terminadas. Nesse mês não usámos o salão”.

Cristina Lebre nasceu na província de Nampula, a norte de Moçambique, filha de pai transmontano e mãe natural de Vila Nova de Gaia. Tinha 8 anos quando a família regressou a Portugal e 13 quando se deu a aventura da emigração – directamente para Filadélfia, onde fez o liceu (Northeast High School) e se formou em enfermagem. Sócia desde os 18 anos de idade, faz de tudo um pouco no P.P.C. – “até as funções de cozinheira”, diz.

A associação encerrou por completo duas semanas no pico do novo coronavírus; começou por reabrir aos sábados “para venda de refeições take-out e foi disso que conseguimos sobreviver e ir pagando as contas mensais”. Passou na fase seguinte aos 25% de capacidade, “mas nem isso atingimos. As pessoas ainda têm muito receio de sair de casa”.

❝ESTA CASA FOI FUNDADA PELOS SÓCIOS E SEM ELES NÃO IRÁ SOBREVIVER❞

➔Cristina Lebre, presidente

Philadelphia Portuguese Club

Presentemente, o P.P.C. abre às sextas-feiras e sábados a partir das 7:00 da noite com serviço de cozinha (dois pratos por dia).

O elenco directivo inclui ainda o vice-presidente Aníbal Miranda, a 2.ª vice-presidente Rosa Maia (que entretanto se mudou para a Flórida…), o secretário Daniel Coelho e a tesoureira Cristina Melhor. Existem ainda os vogais (Carlos Morganheira e Júlio Gonçalves) e a Comissão de Festas (que inclui Augusta Pereira e Branca Alves).

O Philadelphia Portuguese Club surgiu depois de uma leva de profissionais de alfaiataria se ter fixado na cidade na primeira metade do século XX. Chegou a ter rancho e uma escola de herança, agora ambos inactivos. A sede da Rhawn Street foi adquirida em 2008 por cerca de meio milhão de dólares. “Se tudo correr bem, devemos terminar de pagar a hipoteca este ano”, avança Lebre.

A presidente espera continuar no cargo com o mesmo grupo de colaboradores, “se não tivermos entretanto de fechar o Clube” – ressalva. “Esta casa foi fundada pelos sócios e sem eles não irá sobreviver. Precisamos da ajuda de todos; já não somos muitos e quanto mais a gente de espalhar, pior vai ser para manter uma tradição que tanto queremos”.