CONFLITO NO MÉDIO ORIENTE: Irão apreendeu navio de bandeira portuguesa

O Irão revelou segunda-feira ter capturado por violação das normas marítimas internacionais o cargueiro MSC Aries, de bandeira portuguesa e com registo na Região Autónoma da Madeira, propriedade da empresa Zodiac Maritime Limited, com sede em Londres.

“O navio foi direccionado para águas territoriais iranianas devido à violação dos regulamentos marítimos internacionais e à falta de resposta às autoridades iranianas”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Nasser Kanani, numa conferência de imprensa.

O diplomata afirmou que o navio “pertence ao regime sionista”, referindo-se assim a Israel, e está a ser investigado pelas “autoridades competentes”.

“O Irão está a vigiar todo o tráfego nesse estreito estratégico no âmbito da protecção dos seus interesses nacionais e soberania territorial e tem controlo total e responsável de todos os elementos de entrada e saída”, disse o porta-voz.

A Guarda Revolucionária do Irão capturou o navio de carga associado a Israel no Golfo Pérsico no sábado, horas antes de lançar um ataque com mísseis e ‘drones’ contra Israel.

O embaixador de Portugal em Teerão, Carlos da Costa Neves, reuniu-se no domingo com o chefe da diplomacia do Irão, Hossein Amirabdollahian, para obter esclarecimentos sobre a captura do navio com pavilhão português no Estreito de Ormuz.

Na sequência desse encontro, fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) disse que “o Governo continua a desenvolver todas as diligências previstas e adequadas”.

“Tudo preparado se for preciso evacuação”

Entretanto, o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas garantiu, domingo, que “está tudo preparado se for preciso” retirar portugueses expatriados de Israel, revelando ainda que há 47 portugueses a tentar sair do Irão.

José Cesário referiu que em Israel “há uma comunidade de cerca de 30 mil cidadãos com nacionalidade portuguesa” e “alguns portugueses expatriados em turismo ou a trabalhar”, estando neste último caso referenciadas 13 pessoas.

Segundo José Cesário, o Governo português está “atento à evolução da situação”, estando “tudo preparado se for preciso uma evacuação”, havendo os meios para o efeito.