Coprodução portuguesa distinguida no Festival de Cinema de Marselha

A coprodução portuguesa “O Marinheiro”, dirigida pelo realizador japonês Yohei Yamakado, venceu o Prémio Georges de Beauregard do Festival de Cinema de Marselha, dedicado ao documentário, anunciou o júri do certame.

“O Marinheiro”, segunda longa-metragem de Yamakado, estrutura-se sobre o poema homónimo de Fernando Pessoa e foi rodada no Porto, cidade onde o realizador fez uma residência artística em 2019 e onde expôs no ano passado.

No quadro do FidLab, plataforma de coprodução internacional do festival para filmes em pré-produção, o projecto “Pantheras”, de Salomé Lamas, sobre questões de direitos humanos no Delta do Níger, foi distinguido com o prémio Vidéo de Poche. Este prémio garante à realizadora portuguesa apoio na fase de pós-produção, nomeadamente no trabalho de gradação de cor e na criação de um ‘Digital Cinema Package’.

O Prémio Georges de Beauregard foi criado em homenagem ao produtor francês da Nouvelle Vague, que trabalhou com cineastas como Jean-Luc Godard, Agnés Varda, Jacques Démy e Jacques Rozier, e constitui o segundo mais importante do Festival de Marselha. O Grande Prémio do festival foi para “Background”, do cineasta sírio Khaled Abdulwahed, refugiado na Alemanha, que produziu a obra. O filme estabelece um paralelo entre o realizador e o seu pai, quando este viveu na antiga Alemanha de Leste, como bolseiro, na década de 1960. Além de “O Marinheiro”, Portugal também contou com a coprodução “O Fumo do Fogo”, da ucraniana Daryna Mamaisur, na competição de curtas-metragens. Refugiada em Portugal, Mamaisur documenta a aprendizagem da nova língua cruzando memórias, numa realidade dividida com o seu país em guerra. O filme tem coprodução de Portugal, Ucrânia, Bélgica e Hungria e também teve estreia mundial em Marselha.

Na secção extra-competição DocAlliance, o festival exibiu “A Morte de Uma Cidade”, do português João Rosas, documentário sobre a demolição de uma antiga tipografia, no Bairro Alto, para dar lugar a apartamentos de luxo, testemunhando “a morte de uma certa Lisboa no rescaldo da crise financeira e do crescimento imobiliário e turístico exponencial”, como se lê na sinopse.

O Festival cinematográfico contou ainda com a película “As Filhas do Fogo”, de Pedro Costa, na programação, que foi exibido a par da derradeira obra de Jean-Luc Godard (1930-2022), “Filme annonce du film qui n’existera jamais: ‘Drôles de guerres'”, uma curta-metragem concluí- da poucos meses antes da sua morte, como falso anúncio de um falso documentário.