CORONAVÍRUS: Diabéticos e hipertensos são os que correm maior risco

A Organização Mundial da Saúde (OMS) para África alertou ontem para uma “interacção mórbida” entre a covid-19 e as doenças não transmissíveis, sobretudo a diabetes e a hipertensão, que são as principais comorbidades (presença de duas ou mais doenças numa mesma pessoa) do novo coronavírus.

Jean-Marie Dangou, o coordenador do programa de gestão das doenças não transmissíveis do comité regional da OMS para a África, falava durante a conferência de imprensa virtual desta organização sobre a covid-19.

“Existe uma interacção mórbida entre a covid-19 e as doenças não transmissíveis, sobretudo a diabetes e a hipertensão”, disse o especialista mundial.

E recordou que “a diabetes torna as pessoas mais vulneráveis às infecções em geral”.

Além de os diabéticos correrem mais riscos de serem infectados com o novo coronavírus, podem também mais facilmente contrair a forma mais grave da doença, adiantou.

Por esta razão, alertou para a necessidade dos países africanos – onde existem cerca de 19 milhões de adultos diabéticos – evitarem rupturas nos stocks de medicamentos para esta doença, como a insulina, e defendeu o combate ao sedentarismo e à obesidade – que têm aumentado durante a pandemia -, uma vez que são meio caminho andado para a diabetes.

Jean-Marie Dangou aproveitou para recordar que no próximo sábado se assinala o Dia Mundial da Diabetes, “uma oportunidade” para os países intensificarem a formação de pessoal na prevenção e tratamento da doença e promoverem hábitos saudáveis nas populações.

Richard Mihigo defendeu uma campanha de sensibilização da população, para que esta esteja preparada para quando a vacina estiver disponível. 

Richard Mihigo não prevê grandes dificuldades na aceitação da medida por parte da população africana que, de uma maneira geral, adere às campanhas de vacinação “sem qualquer problema”.

Ainda assim, reconheceu que existe algum receio dos primeiros a serem vacinados sejam “cobaias” para averiguar o sucesso do medicamento, pelo que reiterou a importância de a comunicação social distribuir informação correcta sobre a vacina e os mecanismos que existem para assegurar que esta só é administrada quando a sua segurança for comprovada.

O especialista acredita que, a confirmarem-se os cenários mais animadores, uma vacina contra o coronavírus poderá começar a ser distribuída no primeiro semestre do próximo ano.