CORRETOR LUSO-AMERICANO DE IMÓVEIS ENVOLVIDO EM TRANSACÇÃO MILIONÁRIA DE HOTEL HISTÓRICO EM NEWARK

Por HENRIQUE MANO | Newark, NJ

O corretor de imóveis Ryan Cerqueira, de 27 anos, é o rosto por trás da venda do histórico Hotel Divine Riviera, na baixa de Newark, que fez notícia a semana passada. A transacção de 8,5 milhões de dólares coloca agora a conhecida unidade de hotelaria com mais de um século de existência (e muita história) nas mãos de uma “joint venture” que integra os grupos KS e Pride Investment e Jeff Blau.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O corretor Ryan Cerqueira em frente à unidade de hotelaria em cuja venda esteve envolvido

Cerqueira está ligado – como “broker of record” – à firma de imobiliária Logistics Real Estate Services, de John Marzano, com sede no Ironbound.

O edifício com 8 andares, 220 quartos e 100 mil pés quadrados de área, no 169 da Clinton Avenue, muda pela primeira vez de proprietários desde há 17 anos. Construído em 1922, o Divine Riviera teve um papel relevante no processo de dessegregação do sistema de hotelaria em New Jersey e até no país. Um dos seus proprietários, por exemplo, foi o reverendo e activista de direitos humanos Major J. Divine, que adquiriu o hotel em 1959.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Fachada do Hotel Divine Riviera

O Grupo KS, da dupla Daniel Spiegel e Yehuda Kotkes, está a apostar fortemente na cidade de Newark, tendo terminado recentemente a construção de dois blocos de apartamentos na Market Street, em pleno Ironbound; a firma tem presentemente em construção um total de 360 apartamentos na “Brick City”, número que poderá no futuro saltar para dois mil.

Ryan Cerqueira nasceu em Belleville, NJ, filho de emigrantes de Arcos de Valdevez, Minho e Torreira-Murtosa; viveu até aos 3 anos no Ironbound, mudando-se depois para outra zona de New Jersey. Em 2017, formou-se em Economia pela NYU “e logo depois comecei a trabalhar no ramo imobiliário, numa firma em Nova Iorque”, conta, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Quando a COVID-19 surgiu, resolvi virar-me para New Jersey”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Ryan Cerqueira no lóbi do hotel

Ryan Cerqueira está agora mais concentrado no mercado imobiliário em Newark, que considera ser a próxima Jersey City: “os terrenos em Jersey City começam a escassear e os investidores viram-se para Newark, que é um local ideal para desenvolvimento sustentável. Por quê? Pelas acessibilidades de transporte e a proximidade de um aeroporto internacional e de grandes auto-estradas. É uma grande cidade com uma panóplia de potencialidades; se a construção não pára, é porque a demanda é grande. Não vejo um abrandamento da construção em Newark tão cedo”.

Na sua óptica, “do ponto de vista financeiro, investir agora em Newark é uma boa opção. As pessoas estão a escolher Newark para viver e isso, só por si, já é um bom sinal. Já se sabe que os mercados podem ser voláteis e tudo pode acontecer, mas a tendência por ora é positiva”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Vista de Newark (e de Manhattan, em segundo plano) do terraço do hotel

Cerqueira também reconhece existir “uma grande apetência por terrenos no Ironbound, o que provoca a subida dis preços. Há pessoas a pedir somas exorbitantes por já não existir muitas opções no Bairro Leste”.

Apesar de estar a favor da construção na área imobiliária, o corretor luso-americano também reconhece a necessidade da existência de rendas acessíveis “para quem vive no Ironbound e faz parte do tecido do bairro, para que se possam aqui manter. Por outro lado, se a procura continuar desta forma, a subida das rendas é inevitável – sobretudo se a oferta escassear”.

A venda do hotel na Clinton Avenue passa agora, até ver, a ser a sua maior transacção monetária em New Jersey – muito embora o seu portefólio já ultrapasse os 50 milhões de dólares em vendas. “Em Nova Iorque, o volume de transacções beirava os 30 milhões”, nota Cerqueira, que fala português.

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