CORRUPÇÃO E ABUSO DE PODER ENTRE OUTROS CRIMES: Presidente da Madeira anuncia abandono do cargo

O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), anunciou hoje, sexta-feira, que vai abandonar o cargo, dois dias depois de ter sido constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção na região autónoma.

O também líder do PSD/Madeira anunciou ainda que o nome que será proposto para liderar o Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP, com o apoio parlamentar do PAN, será discutido e aprovado no Conselho Regional do partido, convocado para hoje.

Albuquerque foi ontem constituído arguido num processo que investiga suspeitas de corrupção, que também envolve, entre outros, o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que foi detido.

Questionado se vai pedir o levantamento da imunidade, conferida por ser conselheiro de Estado, Miguel Albuquerque respondeu afirmativamente.

“Claro. Eu quero esclarecer”, disse, já depois de ter referido que não precisa de imunidade e que tem o direito de se defender.

O presidente do Governo Regional da Madeira é suspeito de corrupção, prevaricação, abuso de poder e atentado contra o Estado de Direito, entre outros crimes, segundo documentos judiciais.

Miguel Albuquerque (PSD) foi constituído arguido na quarta-feira, após a Polícia Judiciária ter realizado cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias na Madeira (Funchal, Câmara de Lobos, Machico e Ribeira Brava), na Grande Lisboa (Oeiras, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Bucelas e Lisboa), em Braga, Porto, Paredes, Aguiar da Beira e Ponta Delgada (Açores), no âmbito de três inquéritos dirigidos pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP).

A residência de Miguel Albuquerque e a Quinta Vigia, sede da presidência do Governo Regional (PSD/CDS-PP), também foram alvo de buscas, no decurso de um processo em que o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), e dois gestores ligados ao grupo de construção AFA foram detidos.

Em declarações aos jornalistas à margem das Conferências Atlânticas, em Câmara de Lobos, Miguel Albuquerque recusou comparar o seu caso com o que motivou a demissão do primeiro-ministro socialista, António Costa.