COVID-19: OMS insiste na vacinação prioritária de grupos de risco

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está a “rever a informação” sobre vacinação de crianças e adolescentes contra a covid-19, mas insiste na imunização prioritária dos grupos de maior risco.

“Os países devem considerar os benefícios individuais e populacionais de imunizar crianças e adolescentes, no quadro do seu contexto social e epidemiológico específico”, aconselha a OMS, declarando que “é menos urgente vacinar” os mais jovens do que imunizar as pessoas mais velhas, os doentes crónicos e os profissionais de saúde.

Na véspera de a Agência Europeia do Medicamento se pronunciar sobre a vacinação de crianças menores de doze anos contra a covid-19, a OMS admite – numa ‘posição intercalar’ divulgada hoje – que essa opção possa ser relevante para diminuir a transmissão da doença a adultos e reduzir a necessidade de adoptar medidas de mitigação nas escolas.

Porém, frisa, “antes de considerar implementar a primeira dose em adolescentes e crianças, qualquer país deve ponderar priorizar a vacinação de grupos de risco, quer com uma primeira dose, quer com doses reforçadas”.

Além disso, é preciso ter em conta a actual “desigualdade global no acesso às vacinas”, lembra a OMS, no comunicado sobre “a necessidade e o momento de vacinar crianças e adolescentes com as actualmente disponíveis vacinas contra a covid-19”.

Os países com elevadas taxas de vacinação “devem dar prioridade à partilha global de vacinas contra a covid-19, através da aliança COVAX, antes de avançarem com a vacinação de crianças e adolescentes, com baixo risco de doença severa”, apela a OMS.

Dado o contexto de “constrangimentos no abastecimento” de vacinas, “o foco dos programas de imunização deve continuar a ser a protecção das populações com maior risco de hospitalização e morte”, aconselha.

“Os benefícios de vacinar crianças para reduzir o risco de doença grave e morte são muito menores do que os associados à vacinação de adultos”, adianta.

Neste contexto, os países com nenhumas ou poucas limitações no abastecimento de vacinas “devem considerar a equidade global quando tomarem decisões políticas sobre vacinar crianças e adolescentes”.

Salientando que “a maior pressão, em doença severa e morte, continua a fazer-se sobre os mais velhos e os que têm comorbilidades”, a OMS indica que, segundo os dados recolhidos até Outubro, as crianças com menos de cinco anos representaram apenas 2% dos casos reportados globalmente e 0,1% (1.797) das mortes identificadas.

As crianças e jovens entre os 5 e os 14 anos representaram, no mesmo período, 7% dos casos reportados e os mesmos 0,1% (1.328) de mortes.

Já os adolescentes e jovens adultos entre os 15 e os 24 anos representaram, no mesmo período, 15% dos casos reportados e 0,4% (7.023) das mortes.

A OMS conclui que as mortes em pessoas abaixo dos 25 anos representam menos de 0,5% dos óbitos reportados em todo o mundo.