CRIADA CAMPANHA GOFUNDME A FAVOR DE JOVEM PORTUGUÊS NA FLÓRIDA A QUEM FOI DETECTADO TUMOR RARO NO CORAÇÃO

🖋Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Uma família portuguesa radicada no estado norte-americano da Flórida, que se viu apanhada pela teia da COVID e esteve privada do pai durante 4 meses, enfrenta agora uma complicada situação médica.

No passado dia 24 de Setembro, um dos seus elementos, o filho Fábio Andrade, de 26 anos, teve sérias e persistentes dificuldades de respiração e, como padece de asma e bronquite crónica, resolveu deslocar-se às urgências de um dos hospitais locais onde vive, em Spring Hill – na zona ocidental do ‘Sunshine State’.

Depois de uma bateria de testes no Bayfront Health, ser-ia-lhe – uma semana e meia depois – diagnosticado um raro mixoma, ou seja, um tumor cardíaco, com a agravante de se ter instalado no lado direito do coração (sendo que os mixomas mais frequentes e menos perigosos são precisamente os do lado esquerdo).

“Foi um choque para todos nós”, diz a mãe de Fábio, Ana Paula Andrade, em declarações ao jornal LUSO-AMERICANO. “Eu estava em Portugal quando tudo isto aconteceu, não o pude ir ver ao hospital e foi a minha filha, que é enfermeira, quem lhe deu assistência. Imagine só, como mãe, o que passei…”.

O Fábio está agora à mercê da ciência; vai necessitar de uma cirurgia para a remoção do mixoma, um tumor cardíaco primário não-canceroso, que lhe foi diagnosticado com um ecocardiograma. Três quartos dos mixomas ocorrem no átrio esquerdo, na câmara do coração que recebe o sangue rico em oxigénio proveniente dos pulmões. Os mixomas geralmente desenvolvem-se em adultos dos 40 aos 60 anos de idade.

No entanto, alguns tipos pouco comuns de mixomas tendem a ser hereditários (parte do complexo de Carney, uma síndrome de diversos tumores não-cancerosos) normalmente desenvolvem-se em homens jovens com aproximadamente 25 anos de idade.

Fábio, que era ‘shift leader’ numa cadeia de restaurantes em Spring Hill, está agora sem poder trabalhar e ligado 24 horas a um desfibrilador. “No dia 21 vai fazer mais testes ao coração”, adianta Ana Paula Andrade. “Os médicos querem saber se existem outros tumores no coração”.

O jovem tinha 8 anos e vivia na ilha das Flores, nos Açores, quando um especialista em São Miguel lhe diagnosticou asma e bronquite crónica. “Desde então que usa bomba”, diz a mãe. “Mas no dia que foi para o hospital, nem a bomba ajudou”.

As contas médicas do Fábio começam a acumular-se. “Só com o que fez até agora, já lá vão quase 200 mil dólares em gastos”, revela Ana Paula Andrade. “O seguro dele está válido até 31 de Dezembro deste ano, mas depois disso não sabemos… Com esta situação e com ele sem poder trabalhar…”.

Os Andrade enfrentam agora uma situação delicada, com que se defrontam milhões de americanos. Os pais estão a pagar todas as despesas pessoais do filho, com a agravante de que Ana Paula é dona de casa e tem ainda um filho menor de 8 anos e outro adulto, a cumprir agora serviço militar como ‘marine’.

Durante o pico da pandemia, o pai de Fábio, Ermelindo Andrade, estava nos Açores a tratar de documentação profissional quando a COVID o impediu de regressar aos Estados Unidos; esteve quatro meses sem trabalhar e, consequentemente, sem salário. Agora, os Andrade recorreram a uma campanha no GoFundMe para ajudar a cobrir as despesas médicos do filho [https://www.gofundme.com/f/fabios-medical-expenses].

“Não temos palavras para agradecer a quem já contribuiu”, diz, emocionada, a mãe de fábio. “Temos recebido demonstrações de apoio que muito nos confortaram. Há dias, por exemplo, o meu marido abriu a porta da frente e encontrámos um envelope de uma senhora da comunidade com um cartãozinho e 100 dólares. Não sabemos como agradecer…”.

O Fábio torce pelo Benfica, gosta de desenhar e, quando vivia em Portugal, chegou a ser vocalista de um grupo de garagem, o ‘Quick Drop’. Nasceu em Providence, Rhode Island; o pai é madeirense, natural de Ponta Delgada, no concelho de São Vicente; a mãe é filha de florenses e nasceu em Angola. O Fábio tinha 2 anos quando os pais se mudaram para as Flores, nos Açores, e aí completou o liceu. Em 2015, os Andrade resolveram regressar à América, para desta feita se instalarem na Flórida.