Demissão de McCarthy no Congresso paralisa Câmara e divide Republicanos
Pela primeira vez na história dos EUA, o porta-voz (speaker, em inglês) do Congresso foi afastado do cargo numa moção de censura aprovada pelos dois partidos. A decisão deixa a Câmara de Representantes paralisada e os legisladores republicanos ainda mais divididos, sem sucessão à vista.
O líder da maioria Republicana na Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, foi afastado do cargo, após uma votação histórica promovida pela ala mais radical do Partido Republicano (GOP), que o acusou de estar a ser conivente com o presidente democrata Joe Biden.
Os congressistas democratas, contudo, juntaram-se às 8 vozes mais radicais do Partido Republicano e determinaram o destino de McCarthy, que já anunciou que não se irá recandidatar. Para já, o lugar fica vago, restringindo a capacidade legislativa da Câmara de Representantes, no delicado momento em que o Congresso tem pouco mais de 40 dias para evitar uma nova ameaça de falta de financiamento para fazer funcionar o Governo, por falta de entendimento entre os dois partidos sobre o alargamento do défice dos EUA. Ao mesmo tempo, a crise no Congresso aprofunda as divisões dentro do GOP, que já assumiu não ter uma solução pacífica para substituir McCarthy como líder da maioria na Câmara.
Na lista de eventuais candidatos à substituição apareceu mesmo o nome do ex-presidente Donald Trump, que, embora já tinha dito que não está interessado no lugar (preferindo manter a sua aposta na recandidatura presidencial, apesar de o regulamento do Congresso permitir que o cargo seja exercido por uma pessoa não eleita para a Câmara), não deixará de aproveitar a ocasião para dar protagonismo à ala mais radical de quem é próximo.
Matt Gaetz, que foi um dos legisladores republicanos que promoveu a moção de censura a McCarthy, anunciou que irá apoiar o nome de Steve Scalise, do estado do Louisiana, que é actualmente o número dois do partido na Câmara.