Democratas acusam Trump pelo ataque ao Capitólio em julgamento

Os procuradores democratas no julgamento político de Donald Trump acusaram esta quarta-feira o ex-Presidente dos EUA de ter sido o principal responsável pelo ataque ao Capitólio, em 6 de Janeiro, que provocou cinco mortes.

No segundo dia do julgamento político no Senado, a equipa de nove procuradores democratas, membros da Câmara de Representantes, iniciou a apresentação de argumentos dizendo que Trump deve ser condenado por “incitação à insurreição”, por ter impelido os seus apoiadores a atacarem o Capitólio.

Jamie Raskin, o democrata que lidera a acusação, disse que, resolvida que está a questão da constitucionalidade deste julgamento, o Senado deve agora exercer o seu poder jurisdicional e condenar Trump, para evitar que futuros Presidentes sigam o seu exemplo e repitam as acções que o ex-Presidente considerou “totalmente adequadas”.

Os procuradores mostraram vídeos com imagens nunca antes vistas sobre o ataque ao Capitólio, mostrando a “violência extrema” dos apoiadores de Trump e revelando como eles estiveram perto dos congressistas, no dia 6 de Janeiro.

“(O vídeo) mostrou a gravidade do que Donald Trump desencadeou no nosso Capitólio”, disse uma fonte oficial da Câmara de Representantes.

“Pode parecer loucura. Mas havia método naquela loucura”, argumentou Raskin, referindo-se ao que alegou ser um plano estudado para atacar o Capitólio e intimidar os senadores que nesse dia validavam os resultados eleitorais questionados por Trump.

Num outro vídeo já apresentado no Senado, os democratas mostraram os eventos do dia 6 de Janeiro, desde o discurso de Trump num comício perante os seus apoiadores, pedindo para eles marcharem até ao Capitólio, até imagens gráficas da destruição, confusão e terror provocados pela multidão.

O principal advogado de defesa do ex-presidente, Bruce Castor, disse que mudou a sua estratégia, após ter ouvido a abertura emocional dos democratas, tendo feito um apelo ao patriotismo dos senadores, para rejeitarem o que considera ser um “ataque político sem precedentes” a Trump, na sua intervenção de terça-feira.

Castor voltará a falar quando os procuradores terminarem a apresentação do caso e já fez saber que Trump não estará presente no julgamento político, tendo deixado nas mãos dos seus três advogados a defesa da sua inocência.

O julgamento político de Trump poderá terminar já este fim de semana, a menos que as partes decidam convocar testemunhas, o que não é, para já, provável.

Também é improvável que os democratas consigam a condenação do ex-presidente, já que precisam de uma maioria de dois terços dos votos, o que implicaria serem capazes de atrair 17 votos dos republicanos, numa câmara alta dividida a meio (50-50).