DESCOBERTA: Como perder 30% do peso numa semana

Um novo estudo publicado na revista Nature relata a descoberta de um “interruptor” no metabolismo de ratinhos geneticamente modificados que levou a uma perda extraordinária de 30% do seu peso corporal em apenas uma semana. 

A alteração genética consiste na incapacidade de os ratinhos produzirem o aminoácido cisteína.

A equipa, liderada por Evgeny Nudler e Dan L. Littman, descobriu que a depleção de cisteína nos ratos levou a uma grave quebra no metabolismo energético celular. 

Sem cisteína, as células dos ratinhos não conseguiam gerar a coenzima A (CoA), uma molécula crucial para transformar os alimentos em energia. 

Como resultado, os animais começaram a queimar rapidamente as reservas de gordura para satisfazer as suas necessidades energéticas.

A CoA desempenha um papel central em mais de 100 reacções metabólicas e suporta cerca de 4% de todas as enzimas. 

No entanto, o estudo do papel da CoA em mamíferos adultos tem sido difícil porque os ratinhos com uma produção defeituosa de CoA normalmente não sobrevivem à infância. 

Este estudo marca o primeiro olhar detalhado sobre a forma como a falta de cisteína e, consequentemente, de CoA, pode perturbar o metabolismo de forma tão profunda, explica o ‘Sci-Tech Daily’.

Os investigadores observaram que a depleção de cisteína desencadeou uma série de respostas ao stress interligadas nos ratinhos, incluindo a resposta integrada ao stress (ISR) e a resposta ao stress oxidativo (OSR). 

Normalmente observada nas células cancerígenas, esta activação simultânea da ISR e da OSR nos tecidos normais obrigou os animais a depender ainda mais da gordura armazenada como combustível. 

Ao mesmo tempo, os níveis da hormona do stress GDF15 aumentaram, reduzindo o apetite dos ratos e acelerando ainda mais a sua perda de peso.

Embora as descobertas levantem possibilidades intrigantes para estratégias de perda de peso, os investigadores advertem que, por enquanto, uma dieta sem cisteína é praticamente impossível para os seres humanos. 

A cisteína está presente em quase todos os alimentos e é essencial para muitos processos biológicos, pelo que a sua eliminação total seria prejudicial. 

Além disso, a eliminação da cisteína poderia tornar os órgãos mais vulneráveis a toxinas e medicamentos comuns.

Curiosamente, o estudo também sugere que as dietas à base de plantas, que são naturalmente mais pobres em aminoácidos que contêm enxofre, como a cisteína e a metionina, podem contribuir para benefícios modestos para a saúde. 

No entanto, a perda de peso extrema observada nos ratinhos exigiu tanto a eliminação do gene como uma dieta especializada.

“Este trabalho revela uma mudança fundamental na forma como pensamos sobre o metabolismo”, disse Nudler. 

“Embora o nosso foco seja a compreensão destes mecanismos a um nível básico, há esperança de que um dia possamos aproveitar partes deste processo para ajudar as pessoas a gerir a obesidade com segurança.”