Desde 1911 que não nasciam tão poucos bebés em Portugal
O aviso havia já sido deixado por demógrafos: o impacto da pandemia nas condições de vida dos portugueses iria atirar a natalidade para números nunca vistos. A confirmação chega agora pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Nunca, desde 1911, quando se iniciaram os registos, nasceram tão poucos bebés no nosso país. Em Janeiro, contam-se menos 1415 nados-vivos; e, em Fevereiro, menos 708. São quebras, respectivamente, de 19,3% e 11,1% face a período homólogo.
Conforme nota o INE nas suas estatísticas vitais agora publicadas, mantém-se a “tendência de decréscimo verificada desde Julho de 2020”. Em Dezembro passado, correspondendo ao mês de nascimento de nados-vivos concebidos já em pandemia, verificou-se mesmo a maior descida naquele ano, com uma quebra no número de nados-vivos de 9,7%.
Em sentido inverso, o pico da pandemia pôs a mortalidade em números historicamente elevados, com 19634 óbitos em Janeiro, naquele que foi o valor mais alto desde que a covid nos entrou portas dentro. Tudo somado, o saldo natural – diferença entre o número de nados-vivos e óbitos – agravouse, em Janeiro, para os -13975, o mais baixo dos últimos dois anos. No ano passado, recorde-se, Portugal registou o pior saldo natural dos últimos 60 anos, pelo menos.