DESIGNER DE MÓVEIS PORTUGUÊS NASCIDO EM GOUVEIA BRILHA NA EDIÇÃO DESTE MÊS DA REVISTA ‘ARQUITECTURAL DIGEST’
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
O desenhador de móveis português Joaquim Albuquerque Tenreiro faz parte da reportagem de capa da edição deste mês de Fevereiro da revista norte-americana ‘Architectural Digest’ (AD). O também marceneiro, pintor e escultor que ajudou a projectar o modernismo português e europeu nas Américas, é um dos nomes cujas obras adornam um apartamento de luxo que abarca um andar inteiro no topo de um novo arranha-céus de Nova Iorque.
No artigo de 12 páginas, a AD revela que alguns sofás desenhados por Tenreiro – cujas obras são hoje consideradas peças de museu e podem custar até 90 mil dólares cada – figuram na sala-de-estar do apartamento, que custou milhões de dólares e inclui obra originais de Picasso, Warhol, Lichtenstein, Stella e Basquiat; os sofás foram forrados em seda perle, importada de França.
O apartamento em questão foi decorado por Steven Volpe, que figura na lista dos 100 melhores designers de interiores do ano da AD; o espaçoso apartamento tem 10 mil pés quadrados de área e tectos com 13 pés de altura, estando numa torre esguia da 57.ª Rua que agora ajuda a definir a linha de arranha-céus de Manhattan.
Na ampla sala-de-estar onde estão os sofás de Joaquim Tenreiro, estão igualmente outra peças de museus assinadas por Giacometti, Jules Wabbes, Gio Ponti, Wendell Castle e Jean-Michel Frank.
QUEM É JOAQUIM ALBUQUERQUE TENREIRO
O desenhador de móveis nasceu em 1906 em Melo, Gouveia (distrito da Guarda), acabaria por emigrar para o Brasil, onde fez nome como marceneiro – uma profissão que já herdara da família. Passaria depois a desenhador de móveis, trabalhando em importantes firmas no Rio de Janeiro; em 1942 desenhou o seu primeiro móvel moderno, criando logo depois a sua própria empresa, torando-se então uma referência no sector.
Na década de 60, resolveu encerrar o negócio e virar-se para as artes, tornando-se essencialmente escultor e pintor.
Para além de peças assinadas por si espalhadas pelos EUA, Joaquim Tenreiro também contribuiu para decorar o Itamaraty, o edifício onde funciona o Ministério dos Negócios Estrangeiros no Brasil.
A sua ‘cadeira de embalo’, desemhda em 1947, continua hoje muito procurada, tendo mesmo sido arrebatada em leilão, em 2008, por 90 mil dólares.
Tenreiro morreu em 1992, aos 86 anos de idade, em Itapira (Brasil).