DIRECTORA DA JUDICIÁRIA ALERTA: Homem que ameaçou matar Presidente da República ‘é muito perigoso’
O director nacional da Polícia Judiciária (PJ) alertou a semana passada em tribunal que o homem que ameaçou matar o Presidente da República apresenta um “elevado grau de perigosidade” quando não está medicado para a doença do foro mental de que é portador.
“Quando está medicado é um cidadão normal, afável com a mulher e os filhos. Quando há um desvio da medicação ocorrem estes episódios e aí há um elevado grau de perigosidade”, explicou Luís Neves, ao depor como testemunha no julgamento de Marco Aragão, acusado pelo Ministério Público dos crimes de coação agravada na forma tentada, extorsão agravada na forma tentada, detenção de arma proibida, acesso indevido e desvio de dados.
Antes, Marco Aragão, ao ser inquirido pelo tribunal, justificou o envio de uma carta com uma bala a Marcelo Rebelo de Sousa com um desequilíbrio na sua medicação e a intenção de prejudicar o seu primo Valter Silva.
Quanto ao caso em julgamento, Luís Neves recordou que logo após a carta ameaçadora ter chegado à PJ, houve uma investigação prioritária, tendo a PSP, que assegura a protecção das altas figuras do Estado, sido imediatamente avisada para estar “mais atenta” à segurança do chefe de Estado.
O director nacional da PJ considerou que a doença do foro mental do arguido “é uma doença incurável, mas tratável”, mas que há “um perigo latente, permanente e repetitivo”, que pode levar à repetição de actos se a medicação e o tratamento falharem.
À saída do tribunal e falando do passado do arguido, Luís Neves frisou que este era uma “pessoa que tinha acesso a armas, a treino militar e uma apetência para as armas e munições”, tendo chegado a construir “engenhos explosivos improvisados, que felizmente não mataram ninguém”.
As ameaças de morte a Marcelo Rebelo de Sousa surgiram em Outubro, numa carta enviada para a Casa Civil da Presidência em que alegadamente era exigido o pagamento de um milhão de euros para não matar o chefe de Estado – com indicação da conta bancária para onde deveria ser feita a transferência do dinheiro – e que incluía ainda uma bala.