Do crime à detenção. Os detalhes do caso do CEO que foi morto por um aluno de elite

Brian Thompson, 50 anos, director-executivo da seguradora United Healthcare, foi assassinado a tiro à porta de um hotel em Nova Iorque, na passada quarta-feira. O atirador colocou-se em fuga, mas foi interceptado menos de uma semana depois, na passada segunda-feira, no estado da Pensilvânia. Do crime à detenção e acusação, que demorou cinco dias, eis o que se sabe sobre o crime.

Thompson foi morto a tiro no exterior do hotel Hilton Midtown, quando ia participar na conferência anual de investidores da empresa especializada em seguros de saúde, a maior seguradora privada dos EUA desde 2021.

Segundo a comissária da polícia de Nova Iorque, Jessica Tisch, o atirador – agora identificado como Luigi Mangione, de 26 anos – aproximou-se de Thompson e disparou pelo menos uma vez nas costas e outra na perna direita. O agressor fugiu depois para um beco per- to do hotel e usou uma bicicleta eléctrica para se dirigir para o Central Park.

Os profissionais de saúde acorreram ao local para transportar Thompson para o Hospital Mount Sinai West, mas o executivo chegou em estado crítico e foi declarado morto apenas meia hora depois de ter sido atingido.

Considerando tratar-se de um ataque “premeditado, planeado e dirigido”, a polícia anunciou uma recompensa de $10 mil a quem fornecesse informações que levassem à detenção do suspeito. Já o FBI elevou o valor para $50 mil.

Foi também divulgada uma fotografia do suspeito, que o mostrava com uma mochila e um casaco escuro com capuz.

Dois dias após o crime, as autoridades norte-americanas reconheceram que o suspeito já poderia ter saído de Nova Iorque, uma vez que havia imagens que o mostravam a apanhar um táxi para uma zona perto de um terminal rodoviário.

“Esses autocarros são autocarros interestaduais. É por isso que acreditamos que ele possa ter saído da cidade de Nova Iorque”, referiu o chefe da Polícia de Nova Iorque, Joseph Kenny.

No dia seguinte, o presidente da Câmara de Nova Iorque, Eric Adams, afirmou que, após quatro dias de investigação, o “cerco” estava a “apertar-se” em torno do suspeito, acrescentando que os detetives já sabiam o seu o nome e que “foram capazes de recriar os seus passos”.

O caso ganhou novos desenvolvimentos na segunda-feira, quando a imprensa revelou que um homem foi encontrado na Pensilvânia com uma arma semelhante à usada para matar Brian Thompson.

Após algumas horas, a polícia confirmou que se tratava do suspeito do crime. De acordo com Joseph Kenny, o suspeito – Luigi Mangione, de 26 anos – estava “sentado a comer” num McDonald’s da Pensilvânia quando um dos funcionários do restaurante chamou a polícia.

Quando foi detido, Mangione, oriundo de uma importante família do sector imobiliário de Maryland, tinha na sua posse uma arma impressa a 3D que a polícia acredita ser a que foi a utilizada.

Tinha ainda um documento manuscrito de três páginas, no qual sugeria ter “má vontade em relação” às corporações norte-americanas.

Na noite de segunda-feira, os procuradores de Manhattan acusaram-no de homicídio, posse de armas de fogo e outros crimes. Foi acusado e detido sem fiança na Pensilvânia, mas será extraditado para Nova Iorque.

Antes de viajar, Thompson revelou à esposa que estava a ser alvo de ameaças. “Não sei os detalhes [das ameaças]. Só sei que ele me disse que havia algumas pessoas a ameaçá-lo antes da sua viagem”, disse à NBC.

O motivo do crime ainda não foi revelado, mas os investigadores encontraram no local cápsulas de balas gravadas com as palavras “atrasar”, “negar” e “depor”, imitando uma expressão utilizada pelos críticos da indústria seguradora para os procedimentos usados para evitar o pagamento de compensações aos clientes.

Após a detenção, os meios de comunicação adiantaram que uma cirurgia às costas pode ter motivado o crime. Em causa está o facto de Luigi sofrer de dores crónicas devido a um acidente de ‘surf’ e ter tentado combatê-las com tratamentos alternativos e psicadélicos.