É LUSO-AMERICANO O NOVO CHEFE DO 5.º MAIOR DEPARTAMENTO DE POLÍCIA EM MASSACHUSETTS

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

O departamento de Polícia da cidade norte-americana de New Bedford, em Massachusetts, conta agora com dois luso-descendentes no topo da sua hierarquia. Paul Oliveira, 51, é o novo chefe de polícia na ‘Cidade Baleeira’ e Adelino Sousa o sub-chefe. Paul Oliveira sucedeu ao também luso-descendente Joseph Cordeiro, por indicação do ‘mayor’ Jon Mitchell; já Sousa ascendeu ao cargo nomeado pelo chefe Oliveira.

“Estou em crer que mais de 10% dos nossos agentes ou são portugueses ou de origem”, calcula o chefe Paul Oliveira, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO.

A Polícia de New Bedford, a sudoeste do ‘Bay State’, tem origens que remontam ao ano de 1794 e hoje é o 5.º maior departamento em Massachusetts, com uma força armada de 250 agentes e 20 civis. Inclui na sua estrutura, entre outros, um grupo de intervenção cinotécnico (K-9), uma unidade de policiamento portuária, um grupo de combate a narcóticos e agentes de proximidade na comunidade – “com mais tempo para se dedicarem à resolução de pequenos incidentes”, explica o chefe Oliveira.

Os avós paternos de Paul Oliveira emigraram de Lomba de São Pedro, uma freguesia do concelho de Ribeira Grande (São Miguel, Açores). O avô Joaquim Oliveira chegou à América com 14 anos e era um entre dez filhos; do lado materno, as suas origens levam-no a Manuel das Neves Xavier, um emigrante açoriano da vila de Madalena, ilha do Pico, que, em 1871, aos 19 anos, partiu à aventura para a América, onde desembarcou via Provincetown em 1872. Tornar-se-ia numa figura pioneira do jornalismo luso-americano, publicando mesmo, em 1884, o primeiro almanaque em língua portuguesa nos Estados Unidos.

“Já fui aos Açores numa viagem turística guiada mas espero voltar para o ano”, diz o chefe Oliveira, que nasceu em New Bedford e aqui fez o liceu. “Desde muito cedo que queria ser polícia e lembro-me mesmo de, no livro de formatura no último ano da escola secundária, ter formulado esse desejo.”

No último ano da UMASS-Dartmouth, onde tira Criminologia, faz o exame de admissão à polícia e aos 22 anos torna-se agente em New Bedford. Sobe todos os degraus da hierarquia policial e em 2016 chega a subchefe, onde está 5 anos, até à sua nomeação, em Julho passado, para o posto máximo.

“Nunca pensei chegar um dia a chefe e a  minha história só prova que, tanto nesta como noutra qualquer carreira, podemos começar de baixo e chegar ao topo, desde que tenhamos determinação”, conclui.

🌐O SUBCHEFE ADELINO SOUSA

Imediatamente a seguir a Oliveira, está o subchefe Adelino Sousa, natural de São Miguel. Tinha 12 anos quando emigrou para New Bedford com os pais, onde terminou os estudos secundários e ainda esteve na universidade, optando por iniciar carreira na polícia como guarda prisional em Massachusetts. Quatro anos depois estava na Polícia de New Bedford.

“Comecei por fazer patrulha pelas ruas da cidade, mas depois fui detective, estive em unidades de combate a narcóticos e investiguei crimes”, descreve Adelino Sousa, falando ao LUSO-AMERICANO. “Depois fui a sargento, tenente, capitão e, quando o chefe Oliveira é nomeado, escolhe-me a mim para subchefe.”

Adelino Sousa faz questão de continuar a expressar-se em português “não só porque me orgulho das minhas raízes e as quero manter vivas em mim”, como pela importância a nível profissional, nesta cidade, de se dominar o idioma.

New Bedford registou apenas 3 homicídios em 2020 e é a esse nível que tanto o chefe Oliveira como o subchefe Sousa querem manter o índice de criminalidade. “A nossa missão é precisamente ou manter esses números ou, se possível, fazer ainda com que baixem mais”, garante o chefe Paul Oliveira.

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