Economias mundiais demoram a reagir à informação das indústrias dos Estados Unidos

Indústrias de países como Alemanha, Canadá, China, França, Japão e Reino Unido demoram a reagir à informação proveniente das indústrias dos Estados Unidos da América (EUA), revelou um estudo hoje divulgado.

De acordo com o estudo, que foi conduzido por investigadores da Universidade de Coimbra, as indústrias destes países “demonstram desfasamento na reação a perturbações nas indústrias dos Estados Unidos da América (EUA) devido à demora na transmissão de informação”.

“Esta demora na incorporação de informação pode ter um papel muito relevante sobretudo para investidores, reguladores e decisores políticos”, uma vez que a informação pode “permitir a deteção atempada de crises económicas localizadas que podem desestabilizar os mercados financeiros”, justificou.

A equipa de investigação é composta por Ana Sofia Monteiro, Nuno Silva e Hélder Sebastião, investigadores do Centro de Investigação em Economia e Gestão e docentes da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

“A assimilação de informação pelos mercados financeiros não ocorre de forma imediata devido a limitações do seu processamento por parte dos seus investidores e a fricções dos mercados e, embora o avanço tecnológico das últimas décadas tenha diminuído o desfasamento entre a produção e a incorporação de informação nos sistemas de preços, em mercados internacionais essa discrepância ainda pode ser visível”, explicaram os investigadores.

Para esta investigação, foi analisada a transmissão de informação, através das transações dos investidores, entre as indústrias dos EUA e outras seis grandes economias (Alemanha, Canadá, China, França, Japão e Reino Unido) com recurso a uma base de dados atualizada.

Esta base de dados incorpora “períodos recentes de turbulência nos mercados acionistas, resultantes da introdução do euro, crise do subprime, crise da dívida soberana, tensão comercial China-EUA, Brexit e a pandemia de covid-19”.

Segundo os investigadores, o estudo evidenciou “o papel de liderança internacional dos EUA, e, em particular, as indústrias de materiais básicos (como metais, produtos químicos, produtos florestais) e da energia, que têm um poder de previsão significativo”.

“Essa liderança é mais pronunciada durante os períodos de recessão”, durante os quais “as correlações entre os países são maiores, e o processamento é mais lento devido ao elevado nível de incerteza”, acrescentaram.