EMPRESA FUNDADA POR IMIGRANTE PORTUGUÊS É REFERÊNCIA NO SECTOR DOS BARCOS DE PESCA DESPORTIVA

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Quando, em 1959, Joaquim Henriques trocou a Murtosa pela vida na América, nada indicava (apesar do seu amor pelo mar e pelos moliceiros) que o seu apelido iria um dia brilhar no casco de iates… Em menos de duas décadas, contudo, o imigrante português em New Jersey pôs de pé uma marca de barcos para pesca desportiva que se tornou numa referência no sector, a ‘Henriques Yachts’ [www.henriquesyachts.com].

“Nunca o meu pai imaginou que pudesse um dia chegar a este ponto nos Estados Unidos”, diz Natália Henriques-Costa, co-proprietária da empresa, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. “Os seus planos eram comprar uma pequena marina para arranjar barcos, mas nunca chegar a fabricante de iates”.

Fundada em 1977 em Bayville, no estado de New Jersey, dos estaleiros da ‘Henriques Yachts’ saem hoje cerca de uma dezena de embarcações por ano, manufacturadas para a actividade da pesca desportiva; a marca oferece vários modelos, com tamanhos dos 30 pés de comprimento, aos 35, 42 e 50 (este último o maior, podendo custar 2 milhões de dólares).

Paulatinamente, a ‘Henriques Yachts’ foi conquistando um nome de prestígio no sector, com espaço frequente em publicações de barcos de pesca desportiva, como as revistas ‘Marlin’ [https://www.marlinmag.com/henriques-50-boat-review/] e ‘Power and Motor Yacht’ [https://www.powerandmotoryacht.com/boat-tests/henriques-42].

❝NUNCA O MEU PAI IMAGINOU QUE PUDESSE UM DIA CHEGAR A ESTE PONTO NOS ESTADOS UNIDOS❞

➔Natália Henriques-Costa,

co-proprietária ‘Henriques Yachts’

O fundador da firma, Joaquim Henriques, viveu de 1959 a 1968 no Ironbound, em Newark, NJ, mudando-se então para East Quogue, Long Island, com a mulher, a também murtoense Maria Henriques. Dois anos depois, regressaram a New Jersey, desta feita fixando-se em Toms River. “O meu pai em Portugal já construía barcos”, conta a filha Natália Henriques-Costa, que nasceu em New Jersey. “Aliás, a família era conhecida por fazer moliceiros para a ria de Aveiro, uma tradição que recua até ao meu bisavô. É claro que eram barcos em madeira, não os de fibra de vidro como iria fazer na América”.

Em 1990, Natália e a irmã Maria Henriques DeMers, em sociedade com o marido da primeira (Manuel Costa Jr., natural de Pardilhó, com quem Natália casou em 1989), adquiriram a empresa ao seu fundador; o trio é ainda hoje proprietário da mesma.

❝UM IATE COM 50 PÉS DE COMPRIMENTO PODE LEVAR DE 8 A 9 MESES A CONSTRUIR❞

➔Manuel Costa Jr.,

co-proprietário ‘Henriques Yachts’

Com 25 funcionários, a ‘Henriques Yachts’ manufactura os seus barcos do princípio ao fim; muito embora não fabrique todos os seus componentes, tem a seu cargo a respectiva instalação – incluindo o motor e uma complexa rede tecnológica. “Um iate com 50 pés pode levar de 8 a 9 meses a construir”, afirma Manuel Costa Jr., que se juntou à empresa em 1982 e hoje é co-proprietário. “Os nossos preços vão de 480 mil a 2 milhões de dólares”.

A reluzir ou em segunda mão, os iates da marca luso-americana chegam aos mais recônditos cantos do planeta, da Arábia Saudita a Portugal, passando por Kuwait, Espanha, Cabo Verde, Austrália e Bermudas. “Recentemente tivemos um comprador no Havaí”, sublinha Costa Jr. .

Antes de partir deste mundo, Joaquim Henriques conseguiu concretizar outro sonho americano: deixar um barco moliceiro, feito pelas suas próprias mãos em terras do Tio Sam, numa marina americana – como que a imortalizar uma saga de emigração em que tantos de nós – com mais ou menos sucesso – nos revemos.