Estatal eléctrica Eskom coloca África do Sul às escuras por tempo indeterminado
A companhia estatal elétrica da África do Sul, Eskom, implementou na tarde de hoje cortes de eletricidade de nível 6, num máximo de 8, que serão executados continuamente por tempo indeterminado.
“A redução de carga de nível 6 será implementada a partir das 16:00 [14:00 de Lisboa] desta quarta-feira continuamente até novo aviso”, alertou a concessionária sul-africana em comunicado, a que a Lusa teve acesso.
“A Eskom continuará a gerir as reservas limitadas de geração de emergência para complementar a capacidade de geração”, adiantou.
No comunicado, a concessionária não indicou o período dos apagões “contínuos”, mas a imprensa sul-africana avançou que poderão decorrer de forma contínua até às 05:00 do dia seguinte, o que a acontecer será a primeira vez na história da África do Sul democrática desde 1994.
A empresa pública, que já foi uma das mais eficientes do mundo, indicou que “11 geradores com 5.084 MW de capacidade sofreram avarias desde a manhã de terça-feira, reduzindo ainda mais a capacidade disponível e obrigando a aumentar o nível de ‘loadshedding’ [termo local dado aos cortes de eletricidade]”.
Atualmente, os sul-africanos enfrentam diariamente pelo menos 12 horas sem eletricidade com três apagões intercalados, sendo que a situação precária da empresa pública responsável por 90% da produção nacional, a endividada Eskom, está na origem da crise de eletricidade de longo prazo na economia mais desenvolvida do continente africano.
A companhia estatal de energia elétrica sul-africana alertou no final de dezembro que a África do Sul se deve preparar para uma prolongada crise de falta de eletricidade.
No ano passado, a Eskom privou o país de mais de 200 dias sem eletricidade, segundo dados da empresa pública sul-africana.
No início deste mês, o Partido Comunista da África do Sul (SACP, na sigla em inglês), parceiro desde 1994 na coligação governativa tripartida com o Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) e a confederação sindical Cosatu, considerou que os cortes de eletricidade resultam de “um paradigma neoliberal fracassado adotado pelo governo”.
O atual Presidente da República, Cyril Ramaphosa, que foi reeleito na liderança do ANC em dezembro, garantiu ao Congresso do partido “acabar com os cortes de eletricidade contínuos”.