ESTUDO AMERICANO: Alterações climáticas propagam doenças infecciosas

Uma equipa de especialistas alertou esta semana para o aparecimento de agentes patogénicos nocivos, apelando a uma maior sensibilização e preparação da medicina para lidar com o impacto das alterações climáticas na propagação de doenças.

Os autores do estudo, publicado no ‘JAMA: The Journal of the American Medical Association’, apelaram também à comunidade médica para actualizar a sua formação e tomar medidas para combater o aquecimento global.

“Os médicos precisam de estar preparados para lidar com as mudanças no panorama das doenças infecciosas”, afirmou o autor principal do texto, George R. Thompson, realçando que “aprender sobre a ligação entre as alterações climáticas e o comportamento das doenças pode ajudar a orientar o diagnóstico, o tratamento e a prevenção de doenças infecciosas”.

De acordo com o também professor de medicina na Universidade da Califórnia, os médicos devem manter “um elevado índice de suspeita de doenças em movimento”.

“Penso que, com a melhoria da nossa compreensão da doença, haverá mais testes e, dessa forma, teremos menos casos”, referiu o especialista em doenças infecciosas, microbiologia e imunologia médica.

As doenças infecciosas podem ser provocadas por vírus, bactérias, fungos ou parasitas, sendo muitas delas transmitidas de animais para humanos ou entre humanos.

Entre as doenças infecciosas, salientam, estão as doenças transmitidas por vectores (mosquitos, pulgas e carraças), como a dengue, a malária e o vírus Zika.

A alteração dos padrões de precipitação está a aumentar o alcance dos vectores e os seus períodos de actividade, segundo o estudo.

Invernos mais curtos e quentes e verões mais longos estão também associados a um maior número doenças transmitidas por vectores.

“Estamos a assistir a casos de doenças transmitidas por carraças em Janeiro e Fevereiro”, observou o autor do estudo Matthew Phillips.

O investigador de doenças infecciosas no Massachusetts General Hospital e na Harvard Medical School referiu que “a época das carraças começa mais cedo e com mais carraças activas numa área mais vasta”.

“O número de picadas de carraças está a aumentar e, com ele, as doenças transmitidas por carraças”, indicou.

Também os mosquitos que transmitem a malária estão a expandir-se para norte devido às alterações climáticas. 

A alteração dos padrões de precipitação conduziu a um maior número de mosquitos e a uma maior taxa de transmissão da doença.