EUA: CLUBE PORTUGUÊS MAIS ANTIGO DE NEW JERSEY ESTÁ SEM DIRECÇÃO DESDE ABRIL
• Por HENRIQUE MANO | Newark, NJ
A revelar uma tendência cada vez mais prevalecente no seio das comunidades luso-americanas, a associação portuguesa mais antiga de New Jersey – o emblemático Sport Club Português (S.C.P.) de Newark – está sem direcção desde Abril deste ano. O alerta é dado pelo actual Presidente da Mesa da Assembleia Geral da colectividade, Jack Costa, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Fachada do Sport Club Português de Newark, NJ: comemora em Dezembro o 103.º aniversário de existência e é a associação lusa mais antiga do ‘Estado Jardim’
“Começámos à procura de listas candidatas à direcção em Novembro do ano passado”, afirma o emigrante de Grade-Arcos de Valdevez, que vive nos EUA desde os 14 anos de idade. “Mas sem sucesso”.
Depois de a última Presidente, Helena Vinhas, ter informado o S.C.P. de que não poderia assumir um 3.º mandato (por ter sido eleita para o Comité Escolar de Newark), “formou-se uma equipa que começou prontamente à procura de alguém para liderar uma lista. Chegámos a Janeiro [de 2024] e ainda não havia lista; pedi à Helena para ficar um pouco mais de tempo no cargo para ver se encontrávamos alguém”, revela Jack Costa.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Jack Costa, Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sport Club Português: “Temos de planear os próximos 10, 20 anos e isso só pode ser feito com uma organização como deve ser, como mandam os estatutos, com pessoas a assumirem todos os cargos directivos”
Após vários contactos, Abril chega e nada de direcção nova. “A Helena tinha que seguir a carreira dela no Comité Escolar e não estava mais disponível. Não havendo lista, a mesa da A.G. teve de tomar posse do dia-a-dia do SCP. Não havia outra solução”, nota Costa. “De acordo com os nossos estatutos, a mesa tinha de assumir interinamente essa responsabilidade e assegurar os serviços mínimos até que se forme uma lista para ir a eleições”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Jack Costa, Isaura Pereira, Maria do Carmo Pereira e Susana Caetano: alguns dos (poucos) voluntários que se vão prontificando para manter aberto (e activo) o S.C.P.
O grupo de voluntários agora a cargo da agremiação inclui ainda Jack Costa, Maria do Carmo Pereira, Susana Caetano e outro
Na assembleia geral de 24 de Abril, “formámos uma comissão de transição para nos ajudar a assegurar a tesouraria, gerência do bar e salão, etc.” Na mesma altura, o grupo apresentou “um plano de três meses”, que entretanto se tem prolongado porque a crise directiva persiste.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Uma casa com História: a vida do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa ao Museu Jack Costa
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Uma casa com História: o Governador Phil Murphy, de New Jersey, deixa mensagem no livro de honra aquando do 100.º aniversário da colectividade
O S.C.P. está, assim, desde Abril, à mercê de aquilo que Jack Costa descreve como sendo “um grupo pequeno de pessoas que, com muito esforço, e sacrificando aspectos da sua vida pessoal, está aqui. As pessoas de fora se calhar nem se aperceberam de que aqui não há direcção, porque os eventos estão a acontecer, o S.C.P. nunca fechou portas”.
O grupo de voluntários resolveu criar a posição de gerente part-time “para criar as condições que possam, se calhar, tornar o S.C.P. mais apetecível a quem quiser assumir a presidência”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Apesar da crise directiva, os voluntários de serviço arregaçam as mangas e não param. Próxima tarefa: renovação das casas de banho
Costa garante que a colectividade da Prospect Street está financeiramente bem de saúde e as suas infra-estruturas sólidas; a Escola “Luís de Camões”, por exemplo, passou de 4 para 9 professores, duplicando o número de alunos. Fez-se ainda a instalação de um novo sistema de ar condicionado e trabalha-se na renovação das casas de banho da sede. A que se acrescenta a facilidade de estacionamento agora oferecida pelo S.C.P. a quem alugar o salão, num espaço próximo.
“Temos trabalhado para o S.C.P. não estagnar, mas não estamos a trabalhar da forma como esta casa merece”, avisa Jack Costa. “Este é o clube mais antigo do estado de New Jersey. Devemos lembrar-nos dele todo o ano, não apenas quando temos visitas de estadistas de Portugal, mas todos os dias. Alguém tem de cuidar desta casa, não podem ser sempre os mesmos três ou quatro”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Susana Caetano, Jack Costa e Maria do Carmo Pereira
O líder associativo acrescenta: “Temos de planear os próximos 10, 20 anos e isso só pode ser feito com uma organização como deve ser, como mandam os estatutos, com pessoas a assumirem todos os cargos directivos”.
Jack Costa alerta para o facto de, se as condições actuais não se alterarem para melhor, “as consequências serem muito claras: se este grupo não conseguir continuar e não aparecer ninguém, chegaremos ao ponto inevitável de termos de pensar em encerrar o clube mais antigo de New Jersey. Começaremos possivelmente por fechar de terça a sexta-feira, uma coisa assim do género, porque será a realidade. As pessoas estão a ficar cansadas, porque é tudo em cima delas. Estão a dar tudo pela casa e sabem a importância que esta tem para a comunidade; o S.C.P. tem feito tanto por tanta gente na nossa comunidade, o princípio de muitas histórias lindas de emigração tem aqui origens e está sempre de portas abertas para qualquer causa. Merece, portanto, um pouco de atenção para que possamos continuar a tê-la como sala de visitas da comunidade”.
Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Fachada do Sport Club Português, na Prospect Street
O grupo de voluntários espera que a crise seja sanada já na próxima Assembleia Geral de Dezembro, mas está tudo nas mãos dos associados e comunidade. O que não se deseja, certamente, é que, a caminho dos seus 103 anos de trajectória, o S.C.P. passe… à História.
Que pena. Eu gostava muito de ajudar. Apesar de trabalhar Full Time (Sheriff’s Office) seria interessante poder dar um contributo num momento delicado e de viragem.
Frequentei muito o SCP quando cheguei á América, mas altos e baixos na vida não me permitiram continuar a frequentar. Sou um pouco “outsider” neste momento. Acredito que tenha havido um grande êxodo da população portuguesa local, substituída por outras nacionalidades e culturas. Acho que se tem de atrair juventude e fazer coisas que eles gostem para assegurar o futuro.
Estarei ao dispôr para eventual entrevista ou proposta se assim o desejarem.
por favor entre em contacto com o clube obrigada