EUA | Morreu luso-americano que deu o beijo mais famoso do mundo
Morreu hoje, 18, num lar de assistência a idosos em Middletown, RI, aos 95 anos (e dois dias antes de fazer 96), o luso-americano a quem se atribui o beijo mais famoso do mundo. Muito embora tenham surgido outros a reivindicar a identidade do marinheiro que a revista ‘Life’ transformou numa figura icónica, é mesmo George Mendonça quem vai entrar para a história como o autor daquele momento na nova-iorquina Times Square que marcou o final da sangrenta 2ª Guerra Mundial.
O luso-descendente sofreu uma queda e posteriormente um derrame e deixa de luto a mulher, com quem esteve casado 70 anos, e a filha, Sharon Molleur, com quem vivia no ‘Estado Oceano’.
Na emblemática fotografia de 14 de Agosto de 1945, o V-J Day (quando o Japão se rende aos aliados), George Mendonça surge fardado a dar um beijo à enfermeira Greta Zimmer Friedman, num momento eufórico em que os nova-iorquinos saíram à rua para comemorar o fim da guerra.
O luso-americano, que já era casado, nunca tinha visto Friedman antes, mas o momento foi imortalizado pelo fotógrafo Alfred Eisenstaedt, com a imagem a fazer a capa da revista norte-americana ‘Life’ – e a correr mundo, transformando numa das fotografias mais conhecidas do século XX.
A imagem, obtida na 45ª Rua, onde a Broadway e a Sétima Avenida se encontram, surgiu numa reportagem de 13 páginas da ‘Life’ intitulada ‘Victory Celebrations’, com outras fotografias de celebrações do final da guerra nos EUA, assumindo de imediato o protagonismo entre todas elas.
Só anos mais tarde se viria a confirmar a identidade dos dois. Friedman, que fugira da Áustria à guerra quando tinha 15 anos, viria a morrer em 2016, aos 92 anos, em Virgínia.
George Mendonça é filho dos imigrantes madeirenses Maria e Arsénio Mendonça, que emigraram para os Estados Unidos à procura de uma vida melhor, fixando-se em Newport, RI.
O pai de George era pescador e pescador continuou na América, a ganhar o pão nosso de cada dia no Atlântico; para além de George, o casal teve ainda três outros filhos: Abel, Hilda e Manuel. A família viria mais tarde a adulterar o apelido de Mendonça para Mendonsa, uma tendência muito vulgar na altura.
Os Mendonça passaram muitos anos numa casa no número 325 da West Narragansett Street, em Newport, e George acabaria por aprender o ofício com o pai e a alistar-se na marinha de guerra dos EUA antes mesmo dos 20 anos, em Novembro de 1942, em plena guerra contra o Japão.
O luso-descendente é colocado no navio de guerra ‘USS The Sullivans’, um contratorpedeiro, onde viria a enfrentar várias peripécias (entre tufões e kamikazes) nas diversas missões por que passou no Pacífico.
A família ainda não revelou pormenores sobre as exéquias fúnebres.