EXCLUSIVO | José Cesário quer consulado de carreira em Palm Coast, FL

Por HENRIQUE MANO | News Editor | Nova Iorque

O êxodo de emigrantes lusos de estados do norte da América (e até do Canadá) e da Venezuela rumo à Flórida, poderá levar o Estado português a instalar um consulado de carreira naquela zona sul do país. Em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO, concedida em Nova Iorque, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, expressou de forma muito clara essa vontade.

“Temos ali já, de facto, muitas dezenas de milhares de pessoas e eu não ponho nada de parte a hipótese de, a prazo, termos de ter ali uma estrutura tipo consulado, já uma estrutura mais a sério”, afirma. “Portanto, essa é uma questão que temos de ver com atenção. Eu desejaria mesmo um consulado de carreira”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | José Cesário fez uso do direito à mobilidade de voto e exerceu o seu direito de cidadão nas Europeias na mesa eleitoral instalada no Consulado-Geral de Portugal em Nova Iorque

A Flórida conta, presentemente, com uma missão oficial em Palm Coast onde podem ser efectuados vários actos consulares, para além do Consulado Honorário de Miami (onde é cônsul honorária Natércia Rendeiro); no entanto, o funcionário colocado há cerca de 9 anos pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros em Palm Coast, João Queimado, está de regresso a Lisboa e o futuro da missão consular na cidade parece incerta…

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | José Cesário na visita às instalações do Consulado-Geral de Portugal em Nova Iorque com a cônsul-geral Luísa Pais Lowe e parte da sua equipa de trabalho

No entanto, José Cesário garante que “Palm Coast vai continuar a funcionar neste regime que tem tido, é evidente que não vai ser com o actual funcionário. Pelo menos durante mais uns meses…”.

O governante acrescenta ainda: “nós queremos continuar com os serviços lá, aconteça o que acontecer. A nossa dúvida é como é que vamos fazer evoluir a Flórida, porque o estado está a ganhar uma dimensão muito grande”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | No encontro de trabalho com o conselheiro das comunidades da área de Nova Iorque Paulo Pereira

Na sua mais recente passagem pelos Estados Unidos, José Cesário (que ocupa o cargo pela terceira vez em governos sociais-democratas) diz ter detectado “um problema, que é mais ou menos transversal a todas as comunidades, que é alguma falta de gente mais jovem, luso-descendentes, uma carência muito gritante” no movimento associativo, apesar de haver “uma ligação muito forte a Portugal”.

Cesário assinou ainda vários contratos relativos a apoios governamentais portugueses a associações e eventos na diáspora, processo que espera “ver simplificado. Vamos também”, nota, “tentar fazer com que esses apoios sejam atribuídos duas vezes por ano, em vez de uma, para permitir assim uma programação mais em cima, como se diz”.

osé Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | José Cesário na entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO concedida em Manhattan

O titular da pasta das Comunidades Portuguesas mostra-se “muito preocupado com a forma de as pessoas acederem aos mecanismos de agendamento dos actos consulares. Sei que há muita gente que tem muita dificuldade, sobretudo com as plataformas online (e não apenas utentes de idade avançada)”.

Considera existir “um problema de alguma desadequação de modelo em relação àquilo que são as necessidades das pessoas. Há uma orientação geral já dada aos postos consulares que é de, tanto quanto possível, dependendo da capacidade que tenham e do número de funcionários, diversificar esse agendamento – através da marcação por email, por telefone (onde for possível ter funcionários a atender por telefone) e atendendo mesmo sem marcação (porque há vários postos que estão a fazê-lo – Newark, Boston, Providence, New Bedford…”.

José Cesário reconhece existirem “postos ainda com muita carência de funcionários”, como é o caso do Consulado de Newark, e deixa um recado: “há uma orientação geral também no sentido de – tanto quanto possível – aumentarmos o número de permanências consulares. Estamos a terminar a substituição integral dos computadores dos postos, isso também acabará por ter efeito na rentabilidade do serviço. As cosias irão evoluir”.

Sobre o Programa Regressar, de incentivo a portugueses no estrangeiro que queiram voltar a Portugal, afirma: “vamos mantê-lo, mas estamos a trabalhar para ver se conseguimos alargá-lo um pouco. Estamos a analisar várias questões; uma primeira questão tem a ver com o facto de as Regiões Autónomas (Madeira e Açores) terem ficado fora, por competências próprias que têm a vários domínios. Em qualquer caso, nós vamos analisar até ao limite a possibilidade de integrar os nossos compatriotas dessas regiões no Programa”.

José Cesário, que foi até à sua nomeação deputado de Emigração à Assembleia da República perlo Círculo Fora da Europa, mostra-se favorável ao aumento do número desses deputados, dada a discrepância entre a representatividade no país e no estrangeiro. “Não tenho dúvidas que deveriam ser mais, mas essa é uma competência da Assembleia da República. Espero que essa evolução se confirme”, diz, advertindo, contudo, que essa alteração “resultará na redução do número total de deputados” no hemiciclo.