EXCLUSIVO: FILHO DE EMIGRANTES PORTUGUESES ASSUMIU CARGO DE CHEFIA EM EQUIPA NOVA-IORQUINA DA NBA
Por HENRIQUE MANO | News Editor
Com a temporada da conhecida liga profissional norte-americana de basquetebol NBA a decorrer, o luso-americano Jonathan Filipe não tem mãos a medir. “No próximo mês, por exemplo, vou passar 20 dos trinta dias de Dezembro fora de Nova Iorque”, diz o novo preparador físico chefe [“Head Athletic Trainer”] e fisioterapeuta da equipa dos “NETS”, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO. “Apenas nestes cinco dias que vêm, vamos a Washington, DC, Charlotte, NC e Dallas, TX para, depois, regressarmos a Brooklyn.”
No jacto privado que transporta a equipa e o grupo técnico pelo país, longe do turbilhão dos voos comerciais dos simples mortais, Jonathan Filipe viaja rodeado de alguns dos maiores nomes do basquete norte-americano da actualidade, jogadores “all-star” como Kevin Durant, Kyrie Irving ou Ben Simmons. “É realmente incrível”, reconhece o fisioterapeuta. “Pensar que muitos com quem trabalho são jogadores que admirei grande parte da minha vida e que, agora, sou tu cá, tu lá com eles. É mesmo muito desafiante!”
A contratação de Jonathan Filipe pelos “NETS” foi anunciada dia 15 de Outubro e teve eco na imprensa norte-americana [https://www.netsdaily.com/2022/10/16/23407702/nets-hire-nycfc-head-trainer-jonathan-filipe], sobretudo naquela orientada para o basquetebol e o futebol (afinal, a equipa nova-iorquina foi buscá-lo à NYCFC da MLS, onde estava há apenas 8 meses).
“O preparador físico é um elemento chave na equipa técnica de um clube de alta competição como são os ‘NETS’”, nota Jonathan Filipe. “Temos como missão ajudar os jogadores a melhorarem a sua performance não do ponto de vista táctico, mas de rendimento físico, e, dessa forma, atingirem bons resultados. Eles estão, como atletas profissionais a este nível, numa procura permanente pela excelência desportiva e a preparação física é cada vez mais fundamental e pode, tantas vezes, ser o diferencial que assegura vitórias.”
Filipe lembra que, parte do seu trabalho, “passa por considerar as exigências da competição e as características dos próprios atletas.” Além disso, também ajuda na recuperação depois do esforço, o que é essencial para prevenir lesões e problemas físicos.
Jonathan Filipe nasceu há 31 anos na cidade de Mount Vernon, a sul do condado nova-iorquino de Westchester. E vinte anos depois do único irmão, Óscar, que representou sempre para si uma referência positiva. Os pais, Joaquim e Maria Filipe, emigrantes algarvios de Quarteira, uma freguesia do município de Loulé, mantiveram a família em Mount Vernon até aos 13 anos do filho mais novo, altura em que se mudam para Valhalla, nos arredores de White Plains, onde Jonathan termina o liceu. É no Kings College, na Pensilvânia, que obtém o seu bacharelado em Medicina desportiva e Preparação Física, seguindo-se o doutoramento em Fisioterapia pelo New York Medical College, em Westchester, NY.
O 1.º emprego é num grupo de clínicas de fisioterapia em Greenwich, CT. Passa depois para o Comité Olímpico norte-americano, onde coordenou todos os desportos de inverno; nos 4 anos que lá esteve, fez uma edição dos Jogos Para-Panamericanos, em Lima, uma edição para-olímpica em Tóquio e uma edição dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim. Só depois seria contratado pela equipa de futebol da NYCFC, já como “Head of Athletic Training” – a mesma posição agora ocupada junto dos “NETS”.
Filipe, que nunca jogou como profissional, diz ter praticado futebol na universidade “e basquete toda a vida.” Benfiquista, a nível português é Cristiano Ronaldo a figura desportiva “que mais sigo para onde quer que vá.”
O domínio do português “foi incrivelmente importante para a minha carreira. Lembro-me, por exemplo, quando estava no Comité Olímpico americano, de irmos a países onde tive de fazer de intérprete. Na NYCFC, depressa criei uma relação de proximidade e confiança com os jogadores brasileiros e espanhóis por não termos a barreira da língua.”
A própria equipa de basquete que agora o emprega “gosta de ter profissionais no campo técnico com experiências de vida variadas”, afirma, “e, para mim, ter crescido num lar de emigrantes e ter estado exposto a outra cultura, quando ia a Portugal, permitiu-me uma perspectiva do mundo mais alargada e de compreensão sobre como pensam e agem outros povos.”
O treinador físico lembra-se com afecto da educação “100% portuguesa” que recebeu em casa: “Ía com os meus pais ao Clube Português de Mount Vernon e a restaurantes como o ‘Galito’s’ ou o ‘Lincoln BBQ’. Passei muito tempo nesses sítios! Assim que o verão chegava, lá íamos nós dois meses para o Algarve. Portugal faz mesmo parte do meu ADN!”