EXCLUSIVO | PORTUGUÊS A UM PASSO DE CHEGAR A GENERAL DA FORÇA AÉREA NORTE-AMERICANA

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Aos 48 anos de idade, o português Eduardo Pires está a caminho de chegar à alta patente de General da Força Aérea dos Estados Unidos. Actualmente Tenente-Coronel, o açoriano natural de Angra do Heroísmo avançou a informação ao jornal LUSO-AMERICANO numa entrevista exclusiva concedida em Washington, DC.

“A minha promoção a Coronel deve acontecer ainda este ano e, dessa forma, estarei a apenas um passo de chegar a General”, revela o Tenente-Coronel Eduardo Pires. “Trata-se de algo muito significante para a minha carreira militar.”

O terceirense abraçou a vida militar na década de 90 e, em 2000, aos 28 anos de idade, já era 2.º Tenente; seguir-se-iam as patentes de Capitão, Major e Tenente-Coronel.

🌐DESDE AGOSTO DE 2020 NO PENTÁGONO

Em Agosto de 2020, Eduardo Pires é colocado no Pentágono – a estrutura equivalente em Portugal ao Ministério da Defesa, naquela que é a sua segunda missão no emblemático edifício nos arredores da capital norte-americana. Está afecto directamente ao gabinete do Sub-Secretário de Defesa para a Segurança e Inteligência. Nas funções que ocupa, Eduardo Pires é obrigado a renunciar à nacionalidade portuguesa e a passar por um rigoroso processo de investigação individual que permite o acesso a informação sigilosa de carácter militar.

No Pentágono, trabalhou primeiramente com o Sub-Secretário Joseph Kernan, durante a administração Trump; o cargo é agora ocupado por Ronald S. Moultrie, nomeado pelo presidente Joe Biden e já aprovado pelo Senado. “Aliás, fiz parte da equipa que trabalhou no processo de preparação da sua nomeação perante o Senado”, diz Eduardo Pires.

🌐DE ANGRA PARA A AMÉRICA

Viu a luz do sol pela primeira vez em Angra do Heroísmo, na ilha açoriana da Terceira. Os pais, Carlos e Maria, são das freguesias de Santa Bárbara e São Pedro. Eduardo Henrique Fernandes Pires tinha 1 ano quando a família emigrou para New Bedford, no estado de Massachusetts, corria o ano de 1973. Depois de ter frequentado um liceu católico em Dartmouth, entra para a UMASS-Dartmouth “à espera de sair de lá professor”, formando-se em História. “Quando acabei o curso, cheguei à conclusão que não era exactamente o que queria fazer. Interessava-me o mundo da geo-política, da área governamental.”

Na CIA ou no FBI, “estaria em posição de resolver problemas”, pensou, “e as Forças Armadas eram a melhor forma de lá chegar mais tarde. Só que, 24 anos depois, ainda aqui estou.”

A Força Aérea, para a qual recebeu formação e treino no Texas, não apenas lhe proporcionou uma carreira, “como me abriu as portas ao mundo”, nota.

Para além de 5 missões no Médio Oriente, o Tenente-Coronel esteve ainda colocado na Coreia do Sul e na Alemanha. “Esta carreira deu-me a noção do que é o serviço público, a dedicação à pátria, sacrifício e disciplina”, garante. “Nem nunca me arrependi da escolha que fiz.”

🌐A IDENTIDADE PORTUGUESA…

A identidade portuguesa esteve sempre presente, mesmo nos momentos em que servia a bandeira americana. “No Afeganistão, lembro-me de ter conhecido as tropas portuguesas da NATO que lá estavam em missão e de ter mesmo visto jogos do EURO com eles”, conta.

Nos corredores da vida militar, conheceu também o general Paul Selva, também ele de origem portuguesa. “Gostava de ter falado com ele sobre as nossas origens açorianas, mas infelizmente naquele dia não foi possível”.

Foi sempre o português o que se falou em sua casa e mesmo no núcleo familiar mais alargado. “Em New Bedford íamos a restaurantes portugueses, lojas onde se falava a língua, eu próprio frequentei a escola portuguesa até à sexta classe”, afirma.

Os Açores também lhe povoam o imaginário e espera mesmo passar lá mais tempo pós-reforma – até porque tem lá a mãe.

🌐…E O SER EMIGRANTE

Pires considera “de suma importância” dar a conhecer “o papel dos emigrantes para a construção da América, tal como a sua contribuição para tudo o que de bom ela representa. Nesse quadro, claro, está a participação dos portugueses e luso-americanos. Começámos sendo uma nação de emigrantes, têm sido eles quem a fortalecem ao longo de toda a sua história e parece-me que vaio continuar a ser sempre assim.”