Falta de meios no aeroporto de Lisboa causa espera superior a 4 horas a uma passageira portuguesa com mobilidade reduzida

As dificuldades do aeroporto de Lisboa em dar vazão à numerosa vaga de passageiros que chegam todos os dias tem sido uma constante nos noticiários. Este é mais um episódio do caos que se faz sentir diariamente no aeroporto Humberto Delgado, que tenta recuperar as capacidades operacionais no período pós-COVID.

Rosa Lourenço, Portuguesa de 66 anos, residente no estado da Flórida, doente de diabetes e com mobilidade reduzida, voou no voo TAP204,  sábado, dia 11 de Junho, para o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, oriunda de Newark, EUA, que partiu às 11 horas da noite (hora local).

O avião aterrou em Lisboa às 10:40 da manhã e, como é protocolo quando  este não tem manga de acesso ao terminal, teve de esperar que todos os outros passageiros saíssem do avião. Nestes casos, é necessário um elevador para transportar  os passageiros de mobilidade reduzida para fora do avião.

Um funcionário da My Way (empresa que  presta serviços de assistência a passageiros nestas condições) deslocou-se à aeronave para informar que não havia elevadores disponíveis e seria necessário esperar. 

“Eu pedi-lhe para me ajudar a descer as escadas, mas ele disse que não me podia levar, porque o autocarro com os outros passageiros já tinha ido embora. Disse-me que tinha de esperar. Os tripulantes também tiveram de ficar no avião até eu sair.” desabafou, Rosa Lourenço.

O elevador só chegaria ao meio dia. Uma hora e vinte minutos depois do avião ter aterrado.

“Levaram-me num autocarro pequeno que ainda demorou 15 minutos a chegar à entrada do terminal, onde tive de esperar por uma cadeira de rodas. Após 20 minutos de espera, ligaram ao assistente que me acompanhava e pedira-lhe que me levasse para dentro do terminal.”

A passageira foi então levada para uma sala onde esperou mais uma hora sem assistência. Preocupada, Rosa Lourenço procurou ajuda e encontrou um segurança, que ficou incrédulo com a situação e tentou comunicar com a My Way, ao que esta respondeu dizendo que ainda iam buscar outra passageira que já esperava há mais tempo. No entanto, Rosa relata que tal funcionária “nunca mais regressava”. 

Em desespero, Rosa Lourenço deslocou-se dentro do aeroporto, mesmo com as suas limitações até encontrar um funcionário da My Way. Quando o encontrou, mostrou-lhe o seu imenso desagrado e enorme cansaço e disse-lhe que chamaria a polícia caso não fosse assistida de imediato. O funcionário da My Way desculpou-se com a falta de pessoal resultante dos despedimentos durante a pandemia, mas assistiu a passageira, finalmente.

Após cerca de 8 horas de voo, Rosa Lourenço somou mais de 4 horas de espera, acabando por sair do aeroporto Humberto Delgado às 3 horas da tarde.

Relatos de uma noite longa e dolorosa, que podia ter tido consequências graves tendo em conta o estado de saúde da passageira.