FC PORTO: Morreu ‘histórico’ Reinaldo Teles, o fiel escudeiro de Pinto da Costa
O dirigente Reinaldo Teles morreu hoje, quarta-feira, aos 70 anos, devido a problemas resultantes da infecção por covid-19, ficando na história do futebol português como um fiel escudeiro da presidência de Pinto da Costa no FC Porto.
O administrador não-executivo da SAD dos ‘dragões’ manifestou sintomas da doença no final de outubro e deu entrada no Hospital de São João, no Porto, acabando por ser transferido algumas horas depois para a Unidade de Cuidados Intensivos.
Com prognóstico reservado, passou a respirar através um ventilador e inspirou cautelas redobradas, até porque era considerado um paciente de risco, face à pandemia de covid-19, em virtude da idade e do historial clínico associado a problemas cardíacos.
Reinaldo da Costa Teles Pinheiro nasceu em Paços de Ferreira, em 14 de fevereiro de 1950, e entrou no FC Porto aos 12 anos, através da secção de boxe, na qual somou os títulos de campeão regional (1971) e nacional (1973/74) da categoria de pesos médios.
Na condição de pugilista conheceu Jorge Nuno Pinto da Costa, seccionista daquela modalidade desde 1967, cargo que viria a exercer entre 1979 e 1982, a convite do atual presidente portista, entretanto debruçado na gestão do departamento de futebol.
Em 1982, após a primeira eleição do 33.º líder da história dos ‘dragões’, com quem cultivou relação de forte amizade, confiança e lealdade, Reinaldo Teles abraçou o posto de diretor-adjunto para o futebol, quatro anos antes de integrar os órgãos sociais do clube.
A liderança do futebol profissional do FC Porto foi assumida a partir de 1988, em substituição de Luís Teles Roxo, depois da conquista da Supertaça Europeia nesse ano, que sucedeu aos triunfos na Taça dos Campeões Europeus e na Taça Intercontinental.
Ativo e metódico, Reinaldo Teles continuou a desempenhar papéis complementares com Pinto da Costa e a vice-presidência do elenco diretivo chegou no sufrágio de 1990, acompanhada pela entrada no quadro de membros do Conselho Superior.
Desde a constituição da Sociedade Anónima Desportiva (SAD), em agosto de 1997, o diretor de campo do antigo Estádio das Antas passou também a figurar no leque de administradores executivos até às últimas eleições, ocorridas em junho de 2020.
Reinaldo Teles primou pela discrição, imune aos 62 títulos no futebol sénior e mais umas largas centenas nas modalidades somados durante o ‘reinado’ de Pinto da Costa, responsável por ter colocado o FC Porto no topo nas últimas quatro décadas.
A proximidade do mais antigo e titulado dirigente do futebol mundial no ativo foi premiada com a atribuição do ‘Dragão de Ouro’, enquanto dirigente do ano, em 1989, e do ‘Dragão de Honra’, em 1998, e a elevação a sócio honorário, em 1994.
Profundo conhecedor da realidade do emblema ‘azul e branco’, Reinaldo Teles foi desaparecendo dos holofotes mediáticos na última década e deixou a direção do clube, embora continuasse a pertencer à administração da SAD, como membro não executivo.
Conhecido por ‘chefinho’ no universo interno do FC Porto, a reputação do dirigente ficou fragilizada em março de 2007, quando foi sujeito a uma penhora de bens por uma dívida de quase 300 mil euros reclamada pela Solverde, proprietária do Casino de Espinho.
Esse processo resultou de vários jogos de banca de fortuna e azar, um vício antigo reconhecido publicamente pela própria família e do qual o dirigente, dono de várias casas de diversão noturna, se tentou libertar.
Dois anos depois, Reinaldo Teles foi acusado pelo Ministério Público de dois crimes de fraude fiscal, por lesar o Estado em 349 mil euros, por simulação de valores inferiores aos transacionados em escrituras, na qualidade de proprietário de uma construtora da Maia.
Ouvido no processo Apito Dourado, foi acusado de corrupção desportiva em junho de 2007, por alegadamente ter subornado uma equipa de arbitragem em troca de favores sexuais, antes da receção do FC Porto ao Estrela da Amadora (2-0), em janeiro de 2004.
© Luso-Americano/Agência Lusa