FERRY STREET: Vandalizado Monumento ao Emigrante no Ironbound
Por HENRIQUE MANO | News Editor | Newark, NJ
Um acto de vandalismo com grafitti no monumento de 2 toneladas dedicado aos emigrantes no Ironbound, é alvo de uma queixa crime feita à 3.ª Esquadra da Polícia de Newark “e passa agora por uma investigação que está em curso”, adiantou ao jornal LUSO-AMERICANO o vereador Michael Silva, do Bairro Leste.
O monumento em granito, assinado pelo escultor brasileiro Camilo Satiro e instalado no Parque Peter Francisco, junto à Penn Station, foi inaugurado em 2018 por iniciativa do então vereador Augusto Amador e pretende ser uma homenagem ao espírito de emigração que está por trás do desenvolvimento e da identidade cultural do Bairro Leste.
A mancha de tinta preta foi aplicada na margem direita do monumento de quem sobe a Ferry Street, vindo da Penn Station, e afecta quase todas as 14 figuras humanas que o compõem – incluindo detalhes como as maletas que transportam.
O vereador Michael Silva disse ainda a este jornal que essa limpeza “só será feita após a colocação de uma cerca em redor de todo o parque”, para evitar que o vandalismo se repita.
A cidade de Newark transferiu recentemente a manutenção do Parque Peter Francisco (onde está também instalado um monumento aos veteranos luso-americanos de guerra) para o IBID, a entidade semi-governamental composta por comerciantes do Bairro Leste, que, aparentemente, deverá arcar com as despesas ligadas à recuperação do monumento.
As 14 figuras femininas e masculinas de emigrantes portugueses, espanhóis e de outras origens retratadas no monumento estão esculpidas em pedra granito; o monumento tem 16 pés de altura, 25 de comprimento e 9 de largura, pesando 2 toneladas. A sua construção foi possível graças a uma parceria entre o então vereador Augusto Amador e o IBID, que permitiu a angariação de mais de 250 mil dólares em donativos.
O monumento (há quem lhe chame a “Estátua da Liberdade” do Ironbound) chegou a estar para ser colocada nas “5 Esquinas”, junto à St. Stephan’s Grace Community Church, até que se descobriu que a ilha de trânsito aí instalada – por estar sobre o sistema de canos de esgoto – poderia não suportar o peso da estátua.
Em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO, o escultor Camilo Satiro reage “com tristeza” ao vandalismo de que foi vítima a sua obra na Ferry Street. “Este monumento representa tanto afro-americanos como emigrantes de todas as partes e até migrantes, todas as pessoas estão aqui retratadas e homenageadas”, nota.
O artista plástico explica que a limpeza do monumento deverá incluir um polimento especial, ainda não havendo uma estimativa sobre o seu custo. “A limpeza química que geralmente se faz para extracção de tinta causa danos à pedra de granito com que está feito o monumento”, explica. “Usei um granito com muito metal nele e, se não for por polimento, poderá ficar ainda pior do que está agora.”
A partir do momento que a operação de limpeza arrancar, “todo o processo poderá levar uns quatro meses a concluir”, diz o artista plástico. “Cada escultura terá de ser polida obedecendo aos seus contornos de esculpimento, é como se fosse esculpir em cima da própria escultura.”