FILHA DE EMIGRANTES RIBATEJANOS É AGENTE POLICIAL NA MAIOR CIDADE DE NEW JERSEY

POr HENRIQUE MANO | Newark, NJ

Das 8:00 da noite às 8:00 da manhã, a agente Ariel Lucas patrulha as ruas do Ironbound, o bairro de Newark onde nasceu, cresceu e se sente peixe dentro d’água.

Afecta à 3.ª Esquadra da Polícia de Newark, o maior centro urbano do estado de New Jersey, Lucas é uma das cerca de duas dezenas de agentes femininas ao serviço desta Polícia, num grupo de 80 que garante a lei e a ordem no Bairro Leste.

“Nunca imaginei, quando dançava no Rancho Folclórico “Os Pescadores”, que um dia iria envergar a farda da Polícia de Newark”, conta Ariel Lucas, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A agente luso-americana Ariel Lucas junto a uma viatura de patrulhamento da Polícia de Newark

A agente é a personificação do tipo de profissionais de segurança pública em que Newark quer apostar, capaz de operar um policiamento de proximidade por conhecer de perto a zona em que trabalha.

Os pais de Ariel Lucas emigraram de Benfica do Ribatejo, na região de Almeirim, e fixaram-se em Newark. Como muitas outras crianças luso-americanas, o português foi o primeiro idioma que a agente aprendeu – “só quando fui para a escola é que comecei a falar inglês”.

Após ter feito o Liceu East Side, Ariel Lucas passou pelo Union County College e pela Seton Hall University – a pensar tirar enfermagem. “Foi ao ter algumas aulas ligadas a criminologia, que faziam parte do currículo, que descobri que era o que realmente gostava de fazer”, conta.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | A polícia Ariel Lucas patrulha as ruas do Ironbound, onde nasceu e cresceu, nos turnos da noite

Não tardaria muito e Lucas estava nas fileiras da Academia de Treino do condado de Essex e, logo depois, ao serviço da 3.ª Esquadra da Polícia de Newark – a que se juntou há ano e meio.

A agente reconhece ter tido “uma infância tipicamente portuguesa e passava muitas temporadas com os meus avós. Para além de ter feito parte do rancho, ia a Portugal todos anos para as férias de verão”.

O facto de saber falar português “é uma grande mais-valia quando se é polícia num sítio como o Ironbound”, nota a agente Ariel Lucas. “Mesmo no turno da noite, em situações policiais, as pessoas pedem logo um polícia que saiba falar português – por isso faço muito uso dos meus conhecimentos linguísticos”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Com o capitão Maik Alexandre, também de origem portuguesa, que está à frente da 3.ª Esquadra da Polícia de Newark – a que Lucas está afecta

Hoje sente-se “realizada” na carreira que escolheu e diz mesmo que, “apesar de ainda da ser um mundo muito dominado pelos homens, este o da Polícia, aqui em Newark estamos todos em pé de igualdade e respeito”.

Espera, por isso, “poder progredir na carreira, pelo que vou trabalhar arduamente para que isso aconteça”.

A outras potenciais agentes, deixa um conselho: “atirem-se à carreira da Polícia, se for esse o vosso desejo. Não tenham receio, temos de demonstrar que temos tantas capacidades como os outros”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Ariel Lucas trocou a enfermagem, que chegou a estudar, pela carreira policial

O capitão Maik Alexandre, também ele luso-americano e à frente da 3.ª Esquadra da Polícia de Newark, reconhece que “alguns dos nossos melhores agentes são mulheres – sejam elas agentes de patrulha ou investigadoras. A Ariel está aqui sob o meu comando desde que saiu da Academia e tem mostrado muito progresso. Para além de inteligente, ee muito competente na elaboração dos relatórios policiais e tem uma qualidade rara, bom senso – para além de falar várias línguas e também nos ser muito útil como intérprete”.

Poderá, um dia, chegar à sua cadeira de comando – disparámos? “Tudo é possível”, afirma o capitão Alexandre. “Temos de perseguir os nossos sonhos e só se não formos atrás deles, é que não se tornam realidade”.