FILHA DE EMIGRANTES SERRANOS É A ÚNICA MULHER POLÍCIA DE ORIGEM PORTUGUESA NA CIDADE NOVA-IORQUINA DE MOUNT VERNON
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
Quando, a 29 de Julho de 2016, Diana Figueiredo envergou pela primeira vez a farda da Polícia de Mount Vernon – no estado de Nova Iorque, a luso-descendente fez história. É actualmente a única (e provavelmente a primeira) agente mulher de origem portuguesa naquele departamento com cerca de duas centenas de elementos, contribuindo para a paz e segurança desta urbe com 264 ano de história e cerca de 70 mil habitantes.
A norte da cidade de Nova Iorque, em pleno condado de Westchester, Mt. Vernon é o oitavo centro urbano mais populoso do ‘Estado Império’, albergando uma ainda significativa comunidade lusa, que tem no Portuguese-American Club da Prospect Avenue o espelho da sua presença.
➝INFÂNCIA TIPICAMENTE PORTUGUESA
Diana nasceu e cresceu na cidade, filha de emigrantes serranos de Lapa dos Dinheiros, concelho de Seia, “uma aldeia pequena mas bem representada em Nova Iorque”, nota a agente, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO. “A minha infância foi tipicamente portuguesa: português foi a primeira língua que aprendi a falar, uma vez que era o que se falava em minha casa. Mais tarde, na escola portuguesa do Clube, aprendi também a ler e escrever, assim como me ensinaram a História de Portugal. Frequentei sempre os eventos da comunidade e estou também a tentar transmitir esse orgulho à minha filha de 1 ano. Quero que ela cresça ciente da sua cultura de origem”.
Depois de ter frequentado uma escola católica em New Rochelle, ainda esteve num programa de enfermagem na universidade, “mas não estava muito certa de que era o que queria. Sabia que ajudar o próximo e fazer a diferença era o que me iria realizar a nível de carreira e, um bocado influenciada por séries que via na TV (‘CSI’ e ‘The First 48’, por exemplo), decidi que detective era o caminho. Para tal, tinha que tornar-me primeiro polícia”.
➝O OBJECTIVO É SER DETECTIVE UM DIA
A luso-americana perseguiu o seu sonho, passou pela Academia de Polícia do Condado de Westchester e já é agente da lei e da ordem há 5 anos.
“Encorajo todas as pessoas que queiram entrar para a polícia a fazê-lo”, afirma. “O salário e as regalias de carreira também são bons, apesar de a Polícia de Mt. Vernon ser o departamento com os mais baixos salários no condado”.
Figueiredo considera que a imagem da polícia nem sempre é retratada de forma correcta pela imprensa em geral: “Fazem de nós os maus da fita e raramente mostram as boas acções que se cometem todos os dias”.
➝COVID NÃO OS DEMOVE A AJUDAR QUEM PRECISA
A agente luso-americana reconhece que a COVID veio impor novos hábitos aos polícias, mas não lhes roubou o espírito que norteia a missão: “Sabemos que temos de usar equipamento de protecção individual e cumprir os ritos de higienização estabelecidos para nos protegermos a todos, mas a pandemia não alterou a nossa prontidão num caso de emergência onde alguém se possa ter ferido. Socorremos da mesma forma, tenha ou não COVID, esteja ou não de máscara.”
Diana termina sublinhando: “É importante que se perceba que, como agentes, fornecemos um serviço público e que toda a gente tem o direito de ser tratada com dignidade e respeito. Mesmo nesta era COVID, não podemos enfrentar uma situação de intervenção policial preocupados com a possibilidade de que aquele cidadão em necessidade possa estar infectado”.