FILHO DE EMIGRANTES DE LEIRIA É DIRECTOR DE OPERAÇÕES, MANUTENÇÃO E INSTALAÇÕES DO 9/11 MEMORIAL & MUSEUM EM NOVA IORQUE
Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO
O luso-americano Renato Baptista, de 47 anos de idade, é director de operações, manutenção e instalações de uma das mais solenes atracções da cidade de Nova Iorque – o 9/11 Memorial & Museum, na baixa de Manhattan [www.911memorial.org]. Abrangendo toda a área ocupada pelas Torres Gémeas do World Trade Center, o Memorial foi inaugurado a 11 de Setembro de 2011 e a componente Museu três anos depois. Presta não apenas homenagem às 2 977 vítimas mortais dos ataques terroristas ao World Trade Center de 11 de Setembro de 2001, como às do ataque terrorista de 1993 ocorrido na área subterrânea do mesmo local – onde perderam a vida 6 pessoas.
“A importância deste espaço passa não apenas pela necessidade de se prestar uma homenagem permanente e eterna a quem aqui morreu, como pela urgência de se manterem as memórias daquilo que sucedeu”, afirma Renato Baptista, em entrevista exclusiva ao jornal LUSO-AMERICANO, “sobretudo para as novas gerações. Para que possam cá vir e observar com os próprios olhos o que foi o 11 de Setembro e do que é capaz o terrorismo.”
🌐FILHO DE EMIGRANTES PORTUGUESES DE LEIRIA
O alto funcionário do 9/11 Memorial & Museum nasceu na cidade de Mount Vernon, no condado nova-iorquino de Westchester, filho de emigrantes do concelho de Alvaiázere, distrito de Leiria – onde aliás Renato viveria dos 7 aos 11 anos de idade. De regresso aos Estados Unidos, fez o liceu em Mamaroneck, NY e o curso de contabilidade na Pace University, também no estado de Nova Iorque.
“Trabalhei na área de contabilidade pública durante 15 anos”, conta Renato Baptista, “sete dos quais para a firma Wiser Co. LLP, que preparava a declaração de impostos de Donald Trump e família.”
🌐DO DESEMPREGO AO 9/11 MEMORIAL & MUSEUM
Quando a crise financeira de 2008 o coloca no desemprego, o luso-americano decide mudar de rumo profissional. “Estava saturado da contabilidade e das constantes mudanças nas leis de impostos”, explica. E é o português Luís Mendes, ‘senior vice-president’ do 9/11 Memorial & Museum e figura responsável por toda a gigantesca operação de limpeza e remoção do ‘Ground Zero’, quem lhe abre as portas para uma vaga no 9/11 Memorial & Museum. “Precisamente uma das coisas em que estava interessado era a gerência de projectos no sector da construção e manutenção.”
Baptista entra como funcionário da ABM Facilities, a empresa “ainda encarregue dos serviços de engenharia mecânica e manutenção do 9/11 Memorial & Museum”, onde está 5 anos, para mais tarde aceitar o convite para integrar a estrutura do museu, a ocupar já o cargo que mantém nos dias de hoje.
“Sou responsável por um grupo de cerca de 50 funcionários, para além de também estar envolvido com outros departamentos do memorial, a quem dou assistência nas mais variadas funções, de novos projectos a obras de construção”, detalha. “Tenho igualmente a responsabilidade do trabalho de manutenção das árvores plantadas no memorial, da piscina, etc., em suma, de manter o museu aberto, limpo e a funcionar.”
🌐O DIA EM QUE TUDO MUDOUS
Quando o 11 de Setembro se deu, Renato Baptista era contabilista numa empresa em Westchester, e estava no escritório. “Primeiro pensei que tivesse sido uma avioneta a embater por engano nas torres, mas, à medida que o dia foi avançando, fomo-nos todos apercebendo da gravidade da situação”, conta.
O luso-americano trabalha num local por onde passam largos milhares de visitantes por dia. “Apesar, sim, de este ser o meu local de trabalho, também tenho momentos em que penso naquilo que aqui se passou”, garante. “Esse sentimento é ainda mais forte na data do 11 de Setembro, quando começo a ver as famílias das vítimas a chegarem e a deixarem fotos, notas, mensagens e flores aos seus entes queridos. Aí bate-me mais forte no coração… Em particular uma criança que eu nunca conheci que deixava sempre uma mensagem ao pai a contar-lhe a sua vida. Era mesmo de partir o coração…”.
Como parte do 9/11 Memorial & Museum, Renato Baptista está consciente da importância que o espaço contém, sobretudo como agente guardador das memórias de um dos dias mais negros da história americana – “o dia em que tudo mudou e as nossas vidas nunca mais foram as mesmas. Mudou a forma como viajamos de avião, como lidamos com factores de segurança, como abrimos uma conta bancária. Tudo mudou para sempre.”