FILHO DE IMIGRANTES DE MONTALEGRE É AGENTE DA POLÍCIA NA MAIS POPULOSA CIDADE DO ESTADO DE CONNECTICUT

🖋Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Pôs a farda pela primeira vez já relativamente tarde, aos 36 anos de idade. Não se arrepende: “Desde miúdo que sonhava em ser polícia. O que gosto, mesmo, é de ajudar as pessoas”, afirma o luso-descendente Steven Teixeira, em entrevista ao jornal LUSO-AMERICANO. Hoje, aos 39 anos, é um dos cerca de quatrocentos polícias que patrulham as ruas de Bridgeport, onde aliás nasceu, a mais populosa cidade do estado de Connecticut – localizada no condado de Fairfield, com cerca de 150 mil habitantes.

A Polícia de Bridgeport foi criada em 1837 como resultado de uma lei municipal intitulada ‘Night Watch’, que visava a formação de uma força que garantisse a lei e a ordem entre os moradores da cidade, assim como a protecção à propriedade privada. Arrancaria com 25 ‘special constables’ mas apenas em 1848 teria a primeira esquadra.

❝O PORTUGUÊS FOI A PRIMEIRA LÍNGUA QUE APRENDI PORQUE ERA O QUE SE FALAVA EM MINHA CASA❞

➔Steven Teixeira, agente

Polícia de Bridgeport, CT

Steven é filho de imigrantes transmontanos; o pai, Joaquim Teixeira, nasceu em Firvidas e a mãe, Maria Leonor Teixeira, em Cepeda – ambas povoações no Distrito de Vila Real. À semelhança de tantos outros luso-americanos, “o português foi a primeira língua que aprendi, porque era o que se falava em minha casa. Quando fui para a escola aprendi então inglês”, conta.

Quando termina o Central High School, em Bridgeport, já queria ser polícia; lembra-se de, aos 6, 7 anos, se ter fascinado com o programa D.A.R.E., que leva a polícia às escolas para falar sobre os perigos do consumo de drogas. “Ganhei logo respeito pela autoridade e pelo trabalho da polícia nessa altura”, acrescenta, mas acabou por seguir outra inclinação – a paixão pelos automóveis. Matriculou-se numa escola técnica em New Haven e não tardaria muito, tinha o certificado de mecânica; passou pela Mercedes-Benz em Fairfield e ainda pela FIAT.

“Um dia, a minha irmã, que era na altura técnica socorrista e hoje enfermeira, disse-me que haviam vagas na Polícia de Bridgeport”, relata Teixeira, que resolveu submeter candidatura. Depois dos 8 meses de formação na academia da Polícia de Bridgeport, há três anos, concretizava enfim o  sonho de carreira…

❝A NOSSA TAREFA É GARANTIR A SEGURANÇA DOS MORADORES DE BRIDGEPORT E É PARA ISSO QUE AQUI ESTAMOS❞

➔Steven Teixeira, agente

Polícia de Bridgeport, CT

“Uma das grandes surpresas é o quão ocupados estamos sempre”, afirma o agente Steven Teixeira. “A nossa tarefa é precisamente garantir a segurança dos moradores de Bridgeport e é para isso que aqui estamos. Mais a mais, nesta profissão estamos sempre a aprender”.

Teixeira espera de igual forma vir a progredir na carreira, quiçá um dia chegar a detective ou integrar uma das suas unidades especializadas. “Falar português, em Bridgeport, é uma mais-valia, sobretudo porque temos uma significativa população portuguesa, cabo-verdiana e brasileira”, nota. “Sou várias vezes chamado a fazer de intérprete”.

Teixeira, que faz o turno das 3:00 da tarde à meia-noite, está igualmente ciente do risco que corre quando veste a farda e sai de casa. “Não é algo que ignoremos, mas também não podemos permitir que afecte o nosso trabalho”, diz. “Muitas vezes, na polícia, um episódio pequeno acaba por ganhar grandes proporções. É sempre uma incógnita”.

Há dez anos sem ir a Portugal (os pais têm casa em Firvidas), espera regressar em breve e levar ainda um colega americano e as respectivas famílias.