Fundador da Rolling Stone afastado do Rock Hall of Fame após comentários polémicos
O cofundador da revista Rolling Stone Jann Wenner foi afastado da direcção do Rock & Roll Hall of Fame, o panteão do rock nos EUA, após comentários considerados sexistas e racistas, noticiou no sábado (16) a revista Variety.
“Jann Wenner foi afastado do conselho de administração da Fundação Rock & Roll Hall of Fame”, anunciou a instituição num comunicado, de acordo com a Variety.
O afastamento de Wenner, de 77 anos, do Rock & Roll Hall of Fame, também conhecido como Rock Hall, ocorre um dia depois de ter dado uma entrevista ao jornal The New York Times que suscitou várias críticas.
. Polémicas:
Questionado pela publicação sobre a razão pela qual nenhum artista negro ou mulher figura no “The Masters” (“Os Mestres”), livro que vai lançar a 26 de Setembro, Werner respondeu, a propósito das mulheres: “Nenhuma delas se exprimiu de uma forma suficientemente estruturada intelectualmente”.
“Não é que não sejam génios criativos. Mas também não é que não sejam eloquentes. Mas tenta ter uma conversa profunda com a Grace Slick ou a Janis Joplin (…). Sabes, a Joni (Mitchell) não era uma filósofa do rock’n’roll. Na minha opinião, ela não satisfazia esse critério. Nem na sua obra, nem nas outras entrevistas que deu. As pessoas que entrevistei eram filósofos do rock”, acrescentou.
Para o livro foram entrevistados sete músicos: Bob Dylan, Mick Jagger, John Lennon, Bono, Jerry Garcia, Bruce Springsteen e Pete Townshend.
Quanto aos artistas negros, o cofundador da Rolling Stone notou: “Sabe, Stevie Wonder, um génio, não é? Suponho que quando se utiliza um termo tão abrangente como ‘mestres’, a culpa é da palavra. Talvez Marvin Gaye ou Curtis Mayfield? Quero dizer, eles simplesmente não se exprimiam àquele nível”.
“Olha para o que Pete Townshend escreveu, ou Jagger, ou qualquer um deles”, continuou. “Escreveram coisas profundas sobre uma determinada geração, um determinado espírito e uma determinada atitude em relação ao rock ‘n’ roll”.
Na entrevista ao The New York Times, Wenner disse ainda saber que estes comentários iriam desagradar: “Por uma questão de relações públicas, talvez devesse ter incluído um artista negro e uma artista feminina, não à altura desse padrão histórico, apenas para evitar críticas”.
Wenner foi cofundador da Rolling Stone em 1967, tendo criado também a Fundação Rock & Roll Hall of Fame, que presidiu até 2020.