Governador Cuomo de Nova Iorque recusa ter escondido dados de mortes nos lares

Andrew Cuomo, governador de Nova Iorque, recusou que a sua Administração tenha escondido dados sobre as mortes nos lares de idosos do Estado por covid-19, acusação que está a motivar pedidos da sua demissão.

Depois de uma das principais assessoras do governado estadual, Melissa DeRosa, ter admitido que alguns dados sobre as mortes de idosos em lares não tinham sido partilhados com os legisladores estaduais por receio de que pudessem ser usados pela Administração Trump contra Cuomo, o governador democrata defendeu-se dizendo que, no período em causa, a sua equipa estava assoberbada.

“Não estávamos propriamente no sul de França”, ironizou Cuomo numa videoconferência em Nova Iorque, em que reconheceu que a informação sobre a situação da pandemia entre os idosos deveria ter sido disponibilizada de forma mais completa e rápida.

Perante legisladores estaduais democratas, DeRosa admitiu que os dados que eram pedidos desde Agosto não foram entregues por receio de que “fossem usados contra” Cuomo, que no início da pandemia se assumiu como um dos maiores críticos do ex-presidente Donald Trump. Um relatório do final de Janeiro da procuradora-geral do Estado, a democrata Letitia James, apontou erros na contabilização de vítimas nos lares de idosos estaduais.

Em vez de 8.500 residentes de lares vítimas mortais de covid-19 inicialmente reportadas, o número real estará próximo das 15 mil, admite agora o Governo estadual, que atribui a diferença a uma “re-categorização” – inicialmente, eram contadas apenas as vítimas mortais em lares e não as mortes que ocorriam já em hospital.

Depois de o Departamento de Saúde ter sido legalmente intimado pela AP para divulgar outros dados, apurouse que mais de 9.000 recuperados de infecções por coronavírus foram, no início da pandemia, enviados de hospitais de volta para os lares, 40% mais do que o Estado havia inicialmente informado.

Inicialmente, o governador havia recusado que esta política tivesse levado a um aumento de incidência de casos em lares, argumentando que os recuperados já não poderiam transmitir a doença e que os lares já tinham casos anteriores, mas a partir de Maio deixou de usar tais argumentos, perante a falta de certezas científicas.

A nível estadual, os legisladores republicanos têm também vindo a apelar a investigações judiciais a Cuomo e o líder da minoria republicana na Câmara estadual, Will Barclay, defende que o governador deve imediatamente ficar sem os seus poderes de gestão de emergência, que irão expirar em Abril.