Governador de Nova Iorque demite-se após acusações de assédio sexual
O governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, anunciou a sua demissão esta terça-feira, depois de 11 mulheres o terem acusado de assédio sexual. “Acho que, dadas as circunstâncias, a melhor forma de ajudar agora é afastar-me”, disse Cuomo. “A minha renúncia terá efeito dentro de 14 dias”. Ao anunciar a decisão, feita numa conferência de imprensa, Cuomo disse assumir “toda a responsabilidade” pelas acções cometidas.
Cuomo argumentou que houve “mudanças geracionais ou culturais” que não conseguiu entender, reconheceu que a “polémica política” como a que está a passar consumirá “tempo e dinheiro que deveria ser usado no combate à covid-19” e que optou por “dar um passo para o lado” após dias de críticas. Cuomo está divorciado desde 2005 da autora e activista Kerry Kennedy, membro da família Kennedy e com quem tem três filhas adultas, e esteve envolvido numa relação até 2019 com Sandra Lee, uma popular personalidade do “Lifestyle” de um canal de televisão norteamericano. No discurso em que apresentou a demissão, acabou por dedicar parte da intervenção às filhas.
“Quero que saibam, do fundo do meu coração: nunca desrespeitei e nunca desrespeitaria intencionalmente uma mulher ou trataria uma mulher de maneira diferente do que gostaria que fosse tratada. O vosso pai cometeu erros e apresentou as desculpas. E aprendeu com isso. E é disso de que se trata a vida”, disse Cuomo.
Acusado por 11 mulheres
Um inquérito independente acusou Cuomo de instituir uma cultura de medo no interior da sua administração. “O inquérito independente concluiu que o governador Andrew Cuomo assediou sexualmente várias mulheres e, ao fazê-lo, violou a lei federal e a do estado”, afirmou em conferência de imprensa a procuradora do estado de Nova Iorque, Letitia James, acrescentando que entre as vítimas se incluem “antigas e actuais” funcionárias do estado. A vice-governadora Kathy Hochul, uma democrata de 62 anos e ex-membro do Congresso de Buffalo, irá tornar-se a 57.ª governadora do Estado e a primeira mulher a ocupar o cargo.