GUERRA NA UCRÂNIA: Ataque a central nuclear podia ter sido uma tragédia seis vezes maior que a de Chernobyl
“Esta noite poderia ter sido o fim da História para a Ucrânia e a Europa”.
A frase é de Volodymyr Zelensky, citado pelo ‘The Kyiv Independent’, após a Rússia ter bombardeado, na madrugada de hoje, sexta-feira, a central nuclear de Zaporizhzhia.
Trata-se da maior central em território europeu, contando com seis reactores nucleares.
Por este motivo, o presidente ucraniano referiu que um eventual desastre nuclear neste local seria uma tragédia seis vezes maior do que Chernobyl – que conta (apenas) com um reactor.
“Os tanques russos sabiam para onde estavam a disparar. O objectivo era directamente a central”, vincou ainda Zelensky. A segurança nuclear da central está garantida, afirmaram as autoridades ucranianas, e a Agência Internacional de Energia Atómica (AI-EA), que citou o regulador ucraniano, indicou que os níveis de radioactividade no local mantêm-se inalterados.
De recordar que a central de Chernobyl, local do pior desastre nuclear civil da história, em 1986, entretanto desactivada, mas depósito de detritos nucleares, caiu nas mãos das tropas russas na semana passada.
OLIGARCAS SOB ATAQUE
A Administração Bi-den anunciou ontem novas sanções contra oligarcas russos e outros do círculo próximo do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, enquanto as forças russas continuam a atacar a Ucrânia.
Os alvos das novas sanções incluem o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, e Alisher Burhanovich Usmanov, um dos homens mais ricos da Rússia e aliado próximo de Putin.
O Departamento de Estados dos Estados Unidos também anunciou a imposição de proibições de visto a 19 oligarcas russos e dezenas de familiares e associados próximos.
“Essas pessoas e os seus familiares vão ser cortados do sistema financeiro dos Estados Unidos; os seus bens nos Estados Unidos vão ser congelados e as suas propriedades bloqueadas para utilização”, adiantou a Casa Branca, anunciando as novas sanções.
Na semana passada, os Estados Unidos anunciaram que iam impor sanções económicas ao Presidente russo, Vladimir Putin, e ao ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em retaliação pela invasão da Ucrânia.
“Os Estados Unidos unir-se-ão (à União Europeia) para sancionar Putin, o ministro das Relações Exteriores Lavrov e o resto da equipa de segurança russa”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, no seu briefing diário.
As sanções de Washington surgiram após a União Europeia ter anunciado o congelamento de activos financeiros de Putin e Lavrov no território europeu.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de Fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades.
As autoridades de Kiev contabilizaram, até hoje, sexta-feira, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de um milhão de refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia, entre outros países.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.