Hungria opõe-se a novas sanções e recusa parar compras de gás russo
A UE já adoptou seis pacotes de sanções contra Moscovo desde a invasão da Ucrânia, em 24 de Fevereiro, e o mais recente inclui a proibição das importações de petróleo até ao final deste ano, sendo que a Hungria e outros Estados-membros mais dependentes beneficiam de um prazo mais alargado.
Orbán, que é visto como um aliado de Moscovo na UE, disse que um possível embargo às importações europeias de gás natural da Rússia não é sequer uma base de negociação para a Hungria. O chefe do governo húngaro referiu que na cimeira da UE da semana passada informou os restantes líderes europeus sobre a sua posição e defendeu que não deveria ser adoptado um sétimo pacote de sanções. Lembrou que a Hungria concordou em aprovar o sexto pacote de sanções contra Moscovo só depois de ter obtido amplas isenções para o seu país em relação à compra de petróleo russo. Mas a questão do gás “seria muito mais grave”, afirmou.
A Hungria compra 85% do gás natural que consome à Rússia e 65% do petróleo. O líder ultranacionalista húngaro tem defendido que as sanções não são a via para pôr termo à guerra na Ucrânia e alcançar a paz, embora as negociações entre as duas partes estejam suspensas há semanas. Orbán também falou da possibilidade de um eventual “colapso da frente ucraniana” contra a Rússia poder significar um alargamento da guerra a áreas mais ocidentais do país e mais próximas da fronteira húngara.
Embora tenha admitido que este cenário é hipotético neste momento, o primeiro-ministro considerou que o país deve preparar-se para o enfrentar, se necessário, e para isso defendeu o desenvolvimento de maiores capacidades militares. A NATO ainda não discutiu “o que acontece se a frente ucraniana cair”, afirmou. No entanto, acrescentou, a Aliança Atlântica “decidiu reforçar a sua presença no Leste, incluindo na Hungria”.
Na cimeira, a NATO decidiu reforçar os batalhões destacados nos Estados Bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia) e na Polónia, bem como enviar outros para a Eslováquia, Hungria, Roménia e Bulgária. Além das sanções contra a Rússia, a UE e vários países ocidentais têm fornecido armamento à Ucrânia para se defender das forças russas.
Desconhece-se o balanço de vítimas da guerra na Ucrânia, mas diversas fontes, incluindo a ONU, admitem que será muito elevado. A guerra provocou também a destruição de muitas infraestruturas no país e a suspensão da exportação de cereais ucranianos, fazendo recear uma crise alimentar a nível global.